Estudos recentes indicam que a microbiota do corpo humano, presente em diversos aparelhos e sistemas, como o intestino e as vias respiratórias, desempenha uma tarefa importante na modulação do sistema imunitário e pode condicionar o seu normal funcionamento.
Conforme alerta Tiago Maricoto, médico de Medicina Geral e Familiar, “cerca de 70% das células produtoras de anticorpos residem no nosso intestino” e lembra que “uma das formas mais simples de prevenir as frequentes idas ao médico passa por garantir o bom funcionamento da microbiota intestinal”.
Tiago Maricoto sublinha, ainda, que “vários estudos têm demonstrado a importância da microbiota no risco de desenvolvimento de cancro, doenças intestinais inflamatórias, obesidade, diabetes, artrite reumatoide, doenças cardiovasculares, doenças alérgicas e também em doenças respiratórias”.
“A suplementação regular de algumas espécies de probióticos tem demonstrado benefícios na redução do risco de infeções respiratórias sazonais, com alguns estudos a demonstrar uma redução de 28% da sua incidência, menos 33% de risco de gravidade, menor duração dos sintomas e uma redução até 50% da necessidade de antibióticos. Os benefícios têm sido demonstrados desde a idade pediátrica e estendem-se a vários tipos de infeções respiratórias, desde a síndrome gripal, às infeções bacterianas ou mesmo à otite média aguda”, explica Tiago Maricoto, antes de acrescentar que “o potencial benefício dos probióticos também se estende às doenças respiratórias crónicas e que há evidência de que a microbiota intestinal está intimamente relacionada com o desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crónica (ou DPOC), asma brônquica e de cancro do pulmão”.
O médico dá o exemplo do Lactobacillus rhamnosus GG, que “apresenta potencial benefício na diminuição do risco de asma e rinite alérgica e alguns estudos demonstraram que pode ainda melhorar o equilíbrio de citocinas inflamatórias envolvidas na patogénese da DPOC”.
Tiago Maricoto revela, ainda, que “outras espécies podem ainda auxiliar o sistema imune na regulação da inflamação das pessoas fumadoras, sendo este um fator de risco importante no desenvolvimento de doenças respiratórias crónicas, o que ocorre por exemplo na regulação da atividade das células Natural Killer (ou células NK), que são afetadas pelo tabaco“.