Segundo um estudo publicado no “American Journal of Medicine”, de cinco cientistas da Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos, o café assim como outras bebidas com cafeína, tais como refrigerantes, bebidas energéticas e até chás, podem desencadear enxaqueca.
O objetivo desta investigação foi avaliar o papel da ingestão de bebidas com cafeína como um potencial desencadeante de enxaqueca, seja no próprio dia do consumo, seja no seguinte.
Para esse efeito, foram analisados 101 adultos com enxaqueca episódica, durante seis semanas, entre março de 2016 e outubro de 2017. Destes foram 98 os participantes (86 mulheres, 12 homens) que completaram o estudo, com média de idade de 35,1 anos, 83% de brancos e 10% de hispânicos ou latinos.
Os participantes tinham que efectuar um diário onde reportavam a ingestão de bebidas com cafeína, assim como outros fatores relacionados ao estilo de vida, bem como o momento e as características de cada enxaqueca.
Os investigadores compararam as incidências da enxaqueca dos participantes em dias com ingestão de bebida com cafeína para a incidência de enxaqueca entre o mesmo indivíduo em dias sem consumo, representando o dia da semana. Usando regressão logística condicional para estimar odds ratios (OR) e intervalos de confiança de 95%.
No total, os participantes relataram 825 enxaquecas durante 4467 dias de observação, sendo que a idade média em que as dores de cabeça começaram foi de 16,3 anos.
Houve uma associação não linear significativa entre o número de bebidas com cafeína ingeridas e a ocorrência de enxaqueca nesse dia, embora as estimativas para cada nível de consumo não tenham sido estatisticamente significativas. As associações variaram de acordo com a ingestão habitual e o uso de contraceptivos orais.
Isso sugere que altos níveis de ingestão de bebidas com cafeína podem desencadear dores de cabeça de enxaqueca naquele dia. Essa relação não foi encontrada para a ingestão de uma ou duas bebidas com cafeína.
Apesar dos resultados, os cientistas esclarecem que o estudo foi observacional e, portanto, não foi possível estabelecer uma relação de causa e efeito. Eles aconselham, porém, que os indivíduos propensos a crises de enxaqueca fiquem atentos à ingestão de cafeína.