31 de julho de 2017 Um estudo, elaborado por uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) e publicado na revista Scientific Reports, confirmou a relação existente entre a exposição a reduzidas doses de contaminantes, presentes na cadeia alimentar dos humanos, e o desenvolvimento de doenças metabólicas. As experiências foram feitas em ratos, com um poluente chamado DDE, derivado do pesticida DDT. Este poluente, utilizado para matar os mosquitos da malária, viu a sua utilização proibida há vários anos mas, ainda assim, continua presente na nossa cadeia alimentar. Depois de analisados os dados recolhidos, os investigadores puderam confirmar que, mesmo em doses muito reduzidas, este contaminante tem a capacidade de danificar a saúde metabólica, traduzindo-se no desenvolvimento de problemas como a obesidade, a diabetes e a hipertensão arterial. O risco aumenta para quem tem uma dieta rica em gorduras. O poluente DDE desenvolve-se mais facilmente onde a presença de adiposidades é mais elevada. «A maioria destes compostos está associada a alimentos com gorduras. São lipossolúveis, veiculam-se e acumulam-se na gordura dos animais. Além das calorias, a dieta rica em gordura transporta compostos tóxicos que agravam doenças metabólicas», explica Conceição Calhau, investigadora que coordenou o estudo e também assinou a publicação na Scientific Reports. A presença destes poluentes é maior em alimentos como as carnes vermelhas, os lacticínios e os peixes gordos, por exemplo. Ainda assim, numa notícia avançada pelo jornal “Público”, Conceição Calhau explica que «atualmente, não é possível definir recomendações precisas sobre padrões de consumo ideais tendo em conta níveis de contaminação, devido à escassez de dados». «Por exemplo, não possuímos dados suficientes sobre a presença de poluentes orgânicos que persistem no ambiente e em alimentos consumidos em Portugal», sublinha. Conceição Calhau lembra que estes poluentes orgânicos persistentes, grupo do qual o DDE faz parte, «não são significativamente eliminados do nosso organismo, acumulando-se ao longo dos anos». Estes contaminantes provêm de uma grande diversidade de fontes, fazendo com que o ser humano esteja constantemente exposto à sua ação, seja por via oral, inalada ou transdérmica.
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