13 de dezembro de 2017 A insegurança alimentar, indicador que mede a falta de acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, afeta 24% das famílias no Algarve, revela um estudo hoje apresentado, baseado num universo de 384 agregados familiares. O estudo resulta de um inquérito conduzido este verão por uma equipa de nutricionistas, visando traçar um retrato das dificuldades que as famílias algarvias têm no acesso à alimentação, assim como avaliar o grau de adesão ao padrão alimentar da dieta mediterrânica, disse Artur Gregório, da associação de desenvolvimento e cidadania In Loco. Das respostas obtidas, concluiu-se que 24,2% das famílias no Algarve apresentam um nível de insegurança alimentar ligeiro, o que significa que, no seio daqueles agregados, «existe uma preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro ou à qualidade adequada dos alimentos», indicou Ezequiel Pinto, um dos autores do estudo. Dos inquiridos, 26% manifestaram preocupação pelo facto de os alimentos em casa poderem acabar antes que tivessem dinheiro para comprar mais, o que aconteceu em 6% das famílias, enquanto em 14% dos agregados houve a necessidade de consumir «apenas alguns alimentos que ainda tinham em casa, por terem ficado sem dinheiro», ilustrou, citado pela “Lusa”. O nutricionista, que dirige o curso de Dietética e Nutrição da Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve, sublinhou que os hábitos tabágicos, o consumo de álcool, o facto de haver um elemento desempregado no agregado e a má perceção do estado de saúde são fatores que aumentam os níveis de insegurança alimentar. Segundo aquele responsável, o estudo permitiu ainda concluir que «a população algarvia está a afastar-se da dieta mediterrânica», sendo que apenas 24,7% revelou «boa adesão» a este padrão alimentar, o que significa que «há mais insegurança alimentar quando há menos adesão à dieta mediterrânica». A maioria dos inquiridos no estudo “O estado da alimentação no Algarve: resultados da avaliação regional do estudo de segurança alimentar” são mulheres, acima dos 60 anos. Dos 384 participantes, a maioria é responsável pela compra e confeção dos alimentos no seu agregado familiar, sendo que 57% têm peso a mais, embora tenha classificado o seu estado de saúde como «razoável» (44%) ou bom (39%). O estudo foi apresentado durante o primeiro dia da “Universidade Pensar Global, Agir Local”, organizada pela Associação In Loco em parceria com a Câmara de Loulé, e que este ano decorre sob o tema “Alimentação: o retrato da população”. A equipa do Observatório de Segurança Alimentar do Algarve concluiu a primeira de fase dos trabalhos deste projeto-piloto com a aplicação “InfoFamília” – inquérito de avaliação do estado da insegurança alimentar -, e do Predimed – inquérito de avaliação da adesão ao padrão alimentar da Dieta Mediterrânica -, em todos os 16 municípios do Algarve. O próximo passo do projeto é a distribuição, no primeiro trimestre de 2018, de um kit de sensibilização e educação alimentar, que inclui um vídeo com boas práticas, um manual para qualquer pessoa poder realizar ações desta natureza e um livro de receitas e truques para os agregados familiares. |