Estudo indica que filhos de mães pouco escolarizadas tendem a ser obesos 734

14 de Março de 2016

Dois investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) participaram num estudo internacional que conclui que filhos de mães com baixa escolaridade apresentam um risco maior de terem excesso de peso e obesidade.

De acordo com um comunicado sobre o estudo enviado pelo ISPUP, no qual participam os investigadores Henrique Barros e Sofia Correia, da Unidade de Pesquisa de Epidemiologia (EPIUnit) daquele instituto, em Portugal registaram-se «percentagens elevadas e excesso de peso e de obesidade e uma percentagem elevada de mães pouco escolarizadas».

Apesar das desigualdades de género terem sido semelhantes às observadas em outros países europeus, a diferença absoluta na proporção de excesso de peso entre os extremos de escolaridade foi «particularmente elevada nas raparigas», acrescenta.

Portugal apresentou uma percentagem de 21% de crianças com excesso de peso (resultado parecido com o observado em Espanha e Reino Unido), variando entre 9% na Holanda e 24% na Grécia e em Itália, lê-se na nota informativa.

Em relação à obesidade, o estudo mostrou variações entre 1% em França e 6.5% em Portugal.

Para a investigação “Impacto da Baixa Escolaridade Materna no Excesso de Peso e Obesidade na Primeira Infância na Europa”, foram recolhidos dados de 11 estudos europeus de coorte – projetos prospetivos em que os participantes são avaliados ao longo do tempo.

Esses estudos, iniciados em fases «muito precoces», levaram a num total de 45,413 crianças entre os 4 e os 7 anos, tendo sido os dados nacionais recolhidos no âmbito do projeto Geração XXI, coorte que segue mais de 8500 crianças desde o nascimento (em 2005-2006).

«Independentemente de outras características, o risco de excesso de peso em crianças de mães pouco escolarizadas foi cerca 1.6 vezes superior ao daquelas no topo da hierarquia», valor que aumentou para 2.6 quando avaliado o risco de obesidade, explicou Sofia Correia.

«Em termos absolutos, verifica-se uma diferença média entre os extremos de escolaridade na proporção de excesso de peso e de obesidade de quase 8% e 4%, respetivamente», acrescentou a investigadora.

Durante o estudo foram também observadas diferenças sociais na composição corporal das crianças em diferentes países europeus, o que pode contribuir para «perpetuar a desvantagem social» em saúde nos próximos anos, informa ainda o comunicado.

Os autores do estudo concluem que estes resultados «reforçam a urgência de uma intervenção precoce, mesmo antes do nascimento, no sentido de alcançar equidade em saúde».