03 de outubro de 2017 Um grupo de investigadores espanhóis descobriu que não comer, ou comer muito pouco, ao pequeno-almoço duplica o risco de aterosclerose e indicia hábitos de vida pouco saudáveis. Segundo o estudo, conduzido pelo Centro Nacional de Investigações Cardiovasculares Carlos III (CNIC), em parceria com o Banco Santander, e publicado ontem na revista do “Colégio Americano de Cardiologia”, este é um problema independente dos fatores de risco habituais, como o tabagismo, colesterol alto ou o sedentarismo. Os investigadores observaram mais de 4.000 pessoas de meia-idade, com recurso a tecnologias de imagem avançadas, durante seis anos, com o objetivo de caracterizar a prevalência e a progressão das lesões ateroscleróticas latentes e subclínicas. No estudo, intitulado “Progressão e deteção precoce da aterosclerose”, foi analisada a relação entre três padrões de pequeno-almoço e a presença de placas ateroscleróticas (depósitos gordurosos nas paredes das artérias) em indivíduos assintomáticos. Segundo o grupo de investigadores, liderado por Valentín Fuster, diretor-geral do CNIC, a análise de imagens determinou a presença de placas em territórios vasculares distintos: as artérias carótida e femoral, a aorta e as artérias coronárias, avançou a “Lusa”. As mesmas imagens mostraram 1,5 vezes mais placas ateroscleróticas nas artérias dos participantes que ingeriram menos de 5% da ingestão diária de calorias recomendada (duas mil calorias), em comparação com os participantes que tomavam um pequeno-almoço rico em energia (mais de 20% da dose diária recomendada). Em algumas regiões vasculares, o número de placas era até 2,5 vezes maior nos participantes que não tomaram ou comeram muito pouco ao pequeno-almoço, mas estas diferenças, como explica Irina Uzhova, uma das autoras, são independentes da presença de fatores de risco cardiovasculares e hábitos alimentares pouco saudáveis. Os resultados sugerem também que saltar o pequeno-almoço é um indicador de hábitos de vida pouco saudáveis mais gerais, associados a uma maior prevalência de aterosclerose generalizada. Porém, José Luis Peñalvo, co-autor, ressalva que este é o primeiro estudo que fornece pistas diretas para uma associação entre padrões de pequeno-almoço diferentes e a presença de lesões ateroscleróticas, captadas através de ultrassonografia vascular. «Precisamos de marcadores de risco mais antecipados e mais precisos para as fases iniciais da aterosclerose que nos permitirão melhorar estratégias para prevenir enfartes do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais e mortes súbitas», considera outro dos autores do estudo, Antonio Fernández-Ortiz, adiantando que «estes últimos resultados contribuem de forma definitiva para alcançar esse objetivo». |