Estudo explica como alimentar 10 mil milhões de pessoas de forma saudável até 2050 1016

 

 

11 de outubro de 2018

Uma opção planetária por dietas saudáveis, mais baseadas em vegetais, a redução para metade do desperdício, e melhores práticas agrícolas e tecnológicas poderão ser soluções para alimentar a população mundial em crescimento, indica um estudo divulgado na revista científica “Nature”.

O estudo, sobre como alimentar 10 mil milhões de pessoas de forma saudável em 2050, diz que adotar aquelas práticas reduz o risco de serem ultrapassados os limites ambientais globais relacionados com as alterações climáticas, o uso da terra cultivável, o consumo de água doce e a poluição dos ecossistemas com excesso de fertilizantes.

O estudo é o primeiro a quantificar a forma como a produção e consumo de alimentos afetam as fronteiras entre o que é seguro para a humanidade e os limites além dos quais os sistemas vitais da Terra podem tornar-se instáveis.

«Quando as soluções são implementadas em conjunto pode ser possível, segundo a nossa investigação, alimentar a população em crescimento de forma sustentável», disse Marco Springmann, da Universidade de Oxford, Reino Unido, que liderou o estudo.

Porque, acrescentou, sem uma ação concertada os impactos ambientais do sistema alimentar podem aumentar entre 50% e 90% até 2050, em resultado do crescimento populacional e do aumento das dietas ricas em gorduras, açucares e carnes. «Nesse caso todos os limites do planeta relacionados com a produção de alimentos seriam ultrapassados, alguns deles para mais do dobro», alertou o responsável, citado no “Jornal Económico”.

Combinando dados e analisando opções, os investigadores concluíram que as alterações climáticas não podem ser suficientemente mitigadas sem alterações na dieta da população. Uma dieta mais à base de vegetais pode reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em mais de metade e também reduzir outros impactos ambientais, como a aplicação de fertilizantes e o uso da terra e da água.

Depois também é necessário melhorar práticas agrícolas, limitar as pressões sobre os recursos, aumentar o rendimento da terra agrícola e equilibrar a aplicação de fertilizantes.

E reduzir para metade o desperdício de alimentos, uma medida que alcançada globalmente podia reduzir os impactos ambientais em até 16%.

«Muitas das soluções que analisámos estão a ser postas em prática em algumas partes do mundo, mas vai ser necessária uma forte coordenação global e um rápido aumento de escala, para que os efeitos sejam sentidos», concluiu.