Estudo: Dois a três cafés por dia protegem células da retina 825


15 de janeiro de 2018

O consumo de cafeína, em doses equivalentes a dois/três cafés por dia, protege as células da retina, conclui um estudo realizado por investigadores das Universidades de Coimbra (UC) e de Bona (Alemanha).

Esta descoberta poderá «abrir caminho para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para o tratamento de doenças da visão associadas a episódios isquémicos como a retinopatia diabética e glaucoma, duas das principais causas de cegueira a nível mundial», revelou a Universidade de Coimbra, em comunicado.

Liderado por Ana Raquel Santiago, investigadora no laboratório “Retinal Dysfunction and Neuroinflammation” da Faculdade Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), este estudo, publicado na “Cell Death and Disease”, foi realizado em modelos animais (ratos) e desenvolvido em duas fases.

«Nas primeiras 24 horas assistiu-se a uma ativação exacerbada das células da microglia, indicando que, de alguma forma, a cafeína estava a promover um ambiente pró-inflamatório para depois garantir proteção e travar a progressão da doença», explicou a coordenadora do curso.

A segunda fase do estudo centrou-se em testar o potencial terapêutico de um fármaco, a istradefilina, no controlo do ambiente inflamatório após um episódio isquémico da retina.

«Neste grupo de experiências, observou-se que a administração de istradefilina diminui a reatividade das células da microglia, atenuando o ambiente pró-inflamatório e o dano causado pela isquemia transiente» descreveu Ana Raquel Santiago.

Os resultados desta investigação abrem portas «para a identificação de novos fármacos que possam tratar ou atenuar as alterações visuais inerentes a estas doenças. Os recetores A2A de adenosina podem vir a ser um alvo interessante para travar a perda de visão causada por doenças como o glaucoma ou a retinopatia diabética, duas das principais causas de cegueira a nível mundial» frisa Ana Raquel Santiago.

O estudo foi realizado ao longo de três anos e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela empresa Manuel Rui Azinhais Nabeiro Lda.