Um estudo liderado por um investigador da Universidade de Coimbra concluiu que falta uma metodologia universal para avaliar o nível de mercúrio presente no peixe e marisco que o organismo consegue digerir.
O estudo, publicado na revista “Marine Pollution Bulletin”, aponta para “a necessidade da criação de uma metodologia universal para estimar a bioacessibilidade do mercúrio (Hg), um metal pesado tóxico”, em espécies de peixe e marisco, afirmou esta segunda-feira a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
A bioacessibilidade “traduz-se no que o organismo humano pode absorver a partir dos alimentos” que ingere, sendo um instrumento relevante para determinar os valores máximos de contaminantes que podem ser consumidos ao longo da vida sem risco para a saúde.
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“Em concentrações muito baixas, o mercúrio não representa perigo para a saúde humana, mas a sua acumulação a longo prazo pode ter efeitos prejudiciais“, realça.
Nesse sentido, o estudo, liderado pelo investigador do Centro de Ecologia Funcional Filipe Costa, procurou avaliar “a fração de mercúrio bioacessível em peixes e mariscos presentes na dieta mediterrânica”, designadamente espécies capturadas no oceano (peixe-espada-preto, atum, espadarte, tubarão azul), espécies de aquacultura (salmão e mexilhão) e estuarinas (tainha e amêijoas).
Os resultados do estudo indicam que o mercúrio bioacessível encontrado nestas espécies de peixe e marisco, “especialmente após a confeção, está muito abaixo dos níveis estabelecidos pela legislação atual de avaliação de risco de segurança”.
No entanto, a equipa, que conta também com investigadores da Universidade de Aveiro, notou “que a estimativa da bioacessibilidade do mercúrio no peixe e marisco depende do método aplicado, já que cada método de extração apresentou resultados diferentes”.
“Entre os três métodos de extração testados, o Método Unificado de Bioacessibilidade (UBM) forneceu a estimativa mais elevada de bioacessibilidade de Hg para os consumidores”, refere a nota de imprensa.
No que respeita aos métodos de confeção utilizados, “todos eles reduziram consideravelmente a fração de mercúrio bioacessível”, ou seja, observou-se uma “diminuição no teor deste contaminante”, afirmou Filipe Costa, citado na nota.
A FCTUC salienta que “a legislação de segurança alimentar atual apenas considera a concentração total de contaminantes em peixes e mariscos, não tendo em conta a bioacessibilidade contaminante durante o processo de digestão nem o efeito dos modos de confeção na solubilização digestiva do contaminante”.
O artigo científico pode ser consultado em: https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2022.113736.