De acordo com um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS), realizado em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, denominado por “Inquérito nacional sobre hábitos alimentares e atividade física”, cerca de 45% dos inquiridos indica ter mudado hábitos alimentares, com quase 42% a admitirem ter sido para pior, assim como mais de metade indica ter diminuído a atividade física durante o período de confinamento, devido à pandemia de covid-19.
O estudo mostra também que 34,3% dos inquiridos tiveram alterações na frequência de compras, com 10,6% a indicar que alteraram o local de compras dos alimentos.
Os motivos apontados pelos 45,1% dos participantes que alteraram os comportamentos alimentares no confinamento devido à pandemia, estão o stresse (18,6%), a mudanças no apetite (19,3%), assim como o receio da situação económica (10,3%). Um terço chegou mesmo a manifestar preocupação com uma eventual dificuldade no acesso a alimentos e 8,3% a relatar ter mesmo dificuldades económicas.
O estudo mostra ainda que os inquiridos passaram a comer mais em casa, com 56,9% a indicar que passaram a cozinhar mais, reduzindo o consumo de refeições pré-preparadas (40,7%) ou take-away (43,8%).
Em contrapartida, cerca de 31% passaram a consumir mais snacks doces, 31,4% começaram “a petiscar mais frequentemente”, 29,7% aumentaram o consumo de fruta e 21% de hortícolas. Este padrão de comportamento alimentar foi mais comum nos inquiridos mais jovens, do sexo masculino, com mais dificuldades financeiras e em risco de insegurança alimentar.
No que swe refere à prática de atividade física, 60,9% reportaram níveis baixos, 22,6% disseram ser moderadamente ativos e 16,5% relatam níveis elevados. Durante o período de confinamento, 53,6% dos inquiridos indica ter diminuído a prática de atividade física, 28% afirma ter mantido e 18,5% aumentado. O estudo chama a atenção de que a prevalência de pessoas com níveis baixos de atividade física praticamente duplicou quando comparada com estudos populacionais anteriores.
“A duração do tempo em situação de confinamento parece ter também um efeito particular na prática: nas mulheres observa-se uma diminuição da prática de atividade física naquelas que estão há mais tempo em confinamento. A tendência parece ser a oposta para os homens”, explica o estudo.
O estudo acrescenta ainda que “alguns destes comportamentos, associados ao aumento dos níveis de sedentarismo, podem explicar a perceção de peso aumentado durante este período (26,4% da amostra)”.
A saúde (60,9%), gestão do stresse (55,1%) e a prática estratégica para evitar ganho de peso (35,1%) são os motivos mais apontados para fazer exercício.
Entre as principais atividades praticadas, destacam-se a caminhada (32,3%), fitness (25,4%), treino de força (18%) e a corrida (14,1%). Os homens mostraram preferência por praticam mais treino de força e corrida e as mulheres mais fitness. Quanto à atividade física não estruturada, 70% referem tarefas domésticas e 50% subir/descer escadas, um comportamento que não era a escolha habitual.
Relativamente ao tempo que passam sentados, reclinados ou deitados, 33% disseram passar três ou menos horas neste tipo de comportamento e 38,9% sete horas ou mais. Quanto ao sedentarismo, 70% revelou passar o tempo a ver televisão, 60,6% ao computador/tablet/telemóvel, 36,5% no teletrabalho e 31,4& dedicado à leitura de livros.
O estudo foi realizado entre 9 de abril e 4 de maio, com uma amostra de 5.874 indivíduos maiores de 16 anos.