Estudo conclui que em Portugal mulheres sabem mais sobre hipertensão 749


26 de março de 2018

Um estudo que envolve investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto concluiu que em Portugal são as mulheres, as pessoas com maior escolaridade ou com um diagnóstico prévio de hipertensão quem sabe mais sobre esta doença.

Este é um dos resultados do estudo, publicado na revista científica “Blood Pressure”, que avaliou os conhecimentos de 1.624 adultos portugueses sobre hipertensão, tendo concluído que existem lacunas no conhecimento acerca do risco, das causas e das consequências da hipertensão arterial, informou o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

De acordo com o trabalho, aproximadamente 30% dos participantes não conseguiu indicar uma causa para a hipertensão arterial, dificuldade que foi mais evidente nos idosos, nas pessoas menos escolarizadas e com níveis inadequados de literacia em saúde.

Relativamente à prevalência da doença, os investigadores verificaram que cerca de um quarto dos inquiridos não foi capaz de indicar uma estimativa de quantas pessoas poderão desenvolver hipertensão ao longo da vida.

Embora a maioria dos participantes tenha referido corretamente o consumo excessivo de sal e a alimentação inadequada como as principais causas de hipertensão arterial, uma proporção significativa referiu também o stress, apesar de não existir uma relação clara entre esta condição e a doença.

Já no que diz respeito às consequências, mais de 85% identificaram corretamente o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral como os principais efeitos da doença.

As conclusões deste estudo indicam que «é importante promover o conhecimento da população portuguesa sobre hipertensão, focando nas pessoas menos escolarizadas, nos indivíduos saudáveis ou que não possuem um diagnóstico desta patologia, bem como nos homens», indicou a investigadora do ISPUP e primeira autora do artigo, Elisabete Alves, citada em comunicado.

Segundo salientou, a equipa esperava um maior conhecimento desta condição por parte da população, principalmente das principais causas da hipertensão, tendo em conta a elevada prevalência da doença em Portugal e a atenção dada nos meios de comunicação social e em campanhas de promoção da saúde.

«É importante refletir sobre estes resultados, de forma a promover o conhecimento da população sobre a hipertensão arterial, para que os indivíduos sejam capazes de gerir a sua saúde de forma mais informada e de controlar e gerir a doença, quando for caso disso», acrescentou, citada pela “Lusa”.

O trabalho desenvolvido pela equipa insere-se num projeto mais amplo, que avaliou os conhecimentos e os comportamentos dos portugueses em vários domínios da saúde, como a obesidade, a diabetes, as doenças cardiovasculares e o cancro, cujas conclusões deram origem ao livro “A Informação sobre saúde dos Portugueses: Fontes, Conhecimentos e Comportamentos”.

Neste trabalho em específico, participaram ainda os investigadores Ana Rute Costa, Ana Azevedo e Nuno Lunet, do ISPUP, e Pedro Moura Ferreira, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).

A hipertensão arterial é uma doença cardiovascular e um fator de risco para o desenvolvimento de outras patologias, levando à morte de 7,5 milhões de pessoas por ano, em todo o mundo. Estima-se que doenças cardiovasculares permaneçam como principal causa de mortalidade e morbilidade até 2030.