De acordo com um estudo divulgado pelo Stevens Institute of Technology, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, comer com as mãos não é só mais saboroso, como também leva a que se coma mais.
O estudo realizado por Adriana Madzharov, investigadora na área do marketing sensorial, professora e líder do estudo, e publicado na edição de 19 de dezembro do Journal of Retailing, indica que quando os indivíduos com muito autocontrole tocam a comida diretamente com as mãos, e não com utensílios, acham a comida mais saborosa e como tal, acabam por comer mais quantidade.
Para chegar a esta conclusão, a investigadora recorreu a 45 participantes, e como teste fê-los olhar para cubos de queijo, inspecioná-los e, só depois, tocar e comer.
Metade dos participantes experimentou um cubo de queijo com um palito de aperitivo e a outra metade experimentou um cubo de queijo sem palheta. Inicialmente, os dois grupos – toque direto e indireto – não indicaram diferença entre o queijo com e sem a palito antes de comê-la.
Rapidamente percebeu que os que se consideravam com mais autocontrole em relação à comida acharam o queijo mais saboroso quando o provaram. Um comportamento contrário ao que aconteceu com os estudantes, que admitiram não resistir tão facilmente à comida.
Segundo a investigadora os “dois grupos não parecem processar as informações sensoriais da mesma maneira. Os resultados sugerem que, para as pessoas que controlam regularmente o consumo de alimentos, o toque direto desencadeia uma resposta sensorial aprimorada, tornando os alimentos mais desejáveis e atraentes”.
Mesmo quando Madzharov manipulou o pensamento dos participantes sobre autocontrole, objetivos e consumo de alimentos, essas descobertas persistiram, sugerindo que um alto grau de autocontrole influencia a maneira como as pessoas experimentam a comida quando a tocam diretamente com as mãos.
Numa segunda experiência, um conjunto de 145 estudantes foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo tinha de ter mais cuidado com a sua dieta e reduzir o consumo excessivo de alimentos, a fim de atingir seu objetivo de longo prazo de estar em forma e saudável. O segundo grupo, não tinha de se preocupar com o peso nem com a comida que ingeriam.
Todos os participantes receberam um copo de plástico com quatro mini donuts, uns com palitos e outros sem. Os participantes foram convidados a olhar para os mini donuts, inspecioná-los e, só depois, tocar e comer.
Os participantes estimulados pelo pensamento de autocontrole, avaliavam a comida mais positivamente quando a tocavam diretamente com as mãos. Esta foi a primeira vez que o toque direto nos alimentos foi avaliado como uma maneira de influenciar a maneira como as pessoas experimentam os alimentos.
Adriana Madzharov percebeu também que as pessoas que habitualmente controlam aquilo que comem, seja por dietas ou outros, são mais suscetíveis a gostar de comer com as mãos, uma vez que sentem maior prazer nisso e acabam por comer em excesso, o que aumenta a probabilidade de engordar. O mesmo já não acontece com quem é menos resistente à comida e a quem não é tão influenciável pelo facto de comer ou não com as mãos.
“Os nossos resultados sugerem que para as pessoas que regularmente controlam o seu consumo de comida, o toque direto desperta uma reação sensorial aumentada, tornando a comida mais desejável e atraente”, explica Adriana Madzharov no site da Universidade.
A culpa é do nosso cérebro, que considera a comida mais saborosa quando não usamos talheres. Aliás, comer com as mãos é um dos nosso primeiros instintos, mas logo desde pequenos os pais nos ensinam a não fazê-lo.
Resumindo, quem come com as mãos tem tendência a comer mais, o que pode originar um aumento de peso, e quem opta por comer com talheres acaba por não comer em tanta quantidade, não existindo o problema do aumento de peso.