Estudo: Cientistas detetam microplásticos em tecidos humanos 994

De acordo com um trabalho apresentado numa reunião da “American Chemical Society” (ACS – Sociedade norte-americana de Química), cientistas norte-americanos detetaram microplásticos e nanoplásticos em órgãos e tecidos humanos.

“Nunca queremos ser alarmistas, mas é preocupante que estes materiais não biodegradáveis, que estão presentes em todo o lado, possam entrar e acumular-se em tecidos humanos, e não conhecemos os possíveis efeitos na saúde”, indicou Varun Kelkar, um dos autores da investigação.

“Pode encontrar-se plástico a contaminar o ambiente em praticamente todos os locais do globo, e em poucas décadas deixámos de ver o plástico como algo muito benéfico para o considerarmos uma ameaça”, diz Charles Rolsky, que com Varun Kelkar vai apresentar a investigação na reunião da ACS.

Os investigadores indicam ainda que a ingestão de partículas de plástico por animais e seres humanos tem consequências ainda desconhecidas para a saúde.

“Há provas de que o plástico está a entrar no nosso corpo, mas muito poucos estudos o procuram lá. E neste momento não sabemos se este plástico é apenas um incómodo ou se representa um perigo para a saúde humana”, indicou Charles Rolsky.

Por isso, os dois investigadores, da Universidade do Arizona, quiseram saber se há partículas a acumularem-se nos órgãos humanos, tendo para isso obtido 47 amostras de tecidos corporais, colhidas nomeadamente de pulmões, fígado, baço e rins.

O método que os investigadores usaram permite detetar dezenas de tipos de componentes de plástico dentro dos tecidos humanos, incluindo policarbonatos, tereftalato de polietileno e polietileno.

Os resultados mostraram a existência de bisfenol A, em todas as 47 amostras.

Os investigadores acreditam que o estudo é o primeiro a examinar a existência de partículas de plástico em órgãos humanos, de pessoas com um historial conhecido de exposição ambiental.

Com as informações fornecidas pelos doadores de tecidos, os cientistas acreditam que pode ajudar a encontrar potenciais fontes e vias de exposição a micro e nanoplásticos.

Microplástico é definido como um fragmento de plástico com menos de cinco milímetros de diâmetro. Os nanoplásticos são ainda mais pequenos, com diâmetros inferiores a 0,001 milímetros.