30 de janeiro de 2019 A quantidade de comida servida nas cantinas escolares não está ajustada à idade, podendo não corresponder às necessidades nutricionais de crianças e jovens, aponta um estudo publicado pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA).
O Jornal “Público” menciona que a análise foi desenvolvida na sequência de um programa de intervenção em 25 escolas dos municípios de Santarém e Alpiarça que foi bem sucedido na missão de reduzir o sal na comida e melhorar os teores energéticos e de hidratos de carbonos em algumas faixas etárias. O projecto “Eat Mediterranean” tinha o intuito de reduzir as desigualdades nutricionais no meio escolar através da divulgação da dieta mediterrânica. A iniciativa foi promovida pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e incidiu em três agrupamentos escolares, nos anos letivos de 2015/2016 e de 2016/2017, abrangendo crianças e jovens dos 2 aos 21 anos.
O trabalho de análise do INSA concluiu que no teor de gordura os níveis já estavam dentro dos padrões recomendados, mas tal não se verificou em relação ao sal — por exemplo, na faixa etária dos 2-5 anos —estava 40% acima da dose diária recomendada, no teor de energia, hidratos de carbono e proteínas. A medida permitiu reduzir a quantidade de sal em todas as faixas etárias, aproximar os teores de energia e hidratos de carbono dos valores de referência para os 2-5 anos e 6-10 anos. Já na faixa etária dos 16-21 anos houve uma melhoria nos valores de proteína.
Mariana Santos, investigadora do INSA e uma das responsáveis do estudo, reforça os resultados positivos atingidos, enquanto destaca o muito trabalho que ainda há a fazer. «Na questão do sal, por exemplo, era muito importante passarmos pela introdução de medidas para controlar as quantidades. Também é importante a conjugação de alimentos para podermos atingir quer os níveis de proteína quer dos hidratos carbono. A adequação das porções é fundamental», diz ao jornal “Público”, referindo que porções desadequadas à idade podem resultar em excesso para uns e quantidade insuficiente para outros.
«Houve alguns resultados que não foram atingidos», refere o estudo, fazendo alusão da proteína que ficou acima das quantidades recomendadas para as crianças mais novas e dos hidratos de carbono abaixo do recomendado para os 16-21 anos. Assim, «muito embora as refeições escolares tenham que obedecer a capitações pré-estabelecidas compreendendo as necessidades nutricionais por faixa etária, entende-se que as escolas servem refeições para todos os níveis de ensino de forma semelhante, principalmente no que se refere à quantidade servida (porções) independentemente da idade da criança, dificultando, por essa razão, qualquer correção de desvios nutricionais registados».
O Ministério da Educação recorda que no ano passado foram publicadas novas orientações sobre ementas e refeitórios escolares. «Uma das principais alterações face às orientações anteriores é precisamente a atualização das capitações [quantidades] de alguns dos alimentos, estabelecendo valores precisos para as crianças da educação pré-escolar e para os alunos do 1.º ciclo do ensino básico», explica. O Ministério informa que o novo documento foi elaborado com o apoio da ON e da DGS e Pedro Graça. |