Estudo: Benefícios da dieta Mediterrânica na redução da obesidade juvenil 1284

De acordo com um comunicado da Universidade de Coimbra (UC), uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), liderada por Maria Filomena Botelho, integra o consórcio internacional MED4Youth (Mediterranean enriched diet for tackling youth obesity), que está a avaliar o impacto de uma dieta mediterrânica na redução de peso e dos fatores associados à obesidade juvenil.

Esta dieta mediterrânica terá restrição de energia e enriquecida com frutos secos, grão-de-bico, romã e pão de fermento.

Para dar continuidade a esta pesquisa, o MED4Youth vai “iniciar um estudo clínico com a participação de 240 adolescentes obesos, com idades compreendidas entre os 13 e 16 anos, de Portugal, Espanha e Itália”.

Segundo a UC, esta será “a primeira vez que um estudo deste tipo vai ser realizado com participantes de diferentes países do Mediterrâneo”.

Este estudo vai ter a duração de quatro meses e tem como principal objetivo “demonstrar que uma dieta mediterrânica com restrição de energia e enriquecida com produtos típicos do Mediterrâneo, como a romã, o grão-de-bico, os frutos secos e o pão de fermento, é mais eficaz na redução de peso e dos fatores de risco cardiovasculares associados à obesidade juvenil comparativamente com uma dieta convencional com pouca gordura e restrição de energia”, explica Maria Filomena Botelho na nota divulgada.

A investigação vai recorrer a tecnologias que vão permitir obter uma “radiografia” global dos procesos biológicos, de modo a analisar se os “os efeitos para a saúde da intervenção clínica são associados a mudanças favoráveis em populações bacterianas e metabolitos intestinais”.

Estas técnicas vão permitir obter as “impressões digitais do padrão alimentar dos indivíduos, combinando instrumentos dietéticos convencionais com análises de biomarcadores selecionados da ingestão de alimentos, validados pela primeira vez neste projeto”, explica Maria Filomena Botelho no comunicado.

Para a investigadora, este estudo irá “sensibilizar a população em geral, mas especialmente os jovens que vão integrar o estudo e os seus pais, sobre os benefícios para a saúde derivados da dieta mediterrânica, melhorando as suas escolhas alimentares”, assim como “impulsionar a produção e consumo de produtos saudáveis tradicionais”.

O comunicado da UC cita ainda dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a obesidade juvenil, que indicam que esta quadruplicou nos últimos 30 anos, com “18% das crianças e adolescentes entre os 5 e 19 anos de idade a terem excesso de peso ou obesidade, com uma incidência particularmente elevada em países mediterrânicos como Portugal, Espanha e Itália”. Para além de que a “obesidade está associada a maiores taxas de diabetes, hipercolesterolemia, doença do fígado gordo não-alcoólica e pressão sanguínea elevada, fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares na vida adulta”.

O consórcio internacional MED4Youth é coordenado pelo centro de tecnologia Eurecat (Espanha) e envolve, além da UC, a Universidade de Parma (Itália), a Shikma Field Crops (Israel), o Scientific Food Center (Jordânia) e a NOVAPAN (Espanha).

Este projeto insere-se no programa PRIMA que é suportado pela União Europeia, pela ACCIO (Agência Catalã para a Competitividade nos Negócios), pelo Centro para o Desenvolvimento Industrial de Espanha (CDTI), pela Autoridade de Inovação de Israel, pelo Ministério de Educação de Itália (Universidades e Investigação, Fundo de Suporte à Investigação Científica) na Jordânia, e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia em Portugal.