13 de Janeiro de 2014 Investigadores de uma universidade norte-americana descobriram que as bagas da árvore da pimenta do Brasil (Schinus terebinthifolius) tornam inofensivas bactérias resistentes a antibióticos, o que pode contribuir para encontrar novos tratamentos para estas infeções. As bagas da árvore, característica do Brasil e invasora em algumas regiões do mundo, «contêm um extrato com o poder de desarmar a perigosa bactéria Staphylococcus aureus, resistente a antibióticos», refere uma informação hoje divulgada pela universidade Emory, em Atlanta, estado norte-americano da Georgia. O estudo, publicado na revista especializada Scientific Reports, «pode ter potencial para novas formas de tratamento e prevenção de infeções resistentes a antibióticos, um problema mundial crescente». Os curandeiros tradicionais da Amazónia usaram durante centenas de anos a árvore da pimenta do Brasil para tratar infeções da pele e dos tecidos moles. No estudo hoje divulgado, os cientistas separaram os elementos químicos das bagas e testaram-nos contra a bactéria para descobrir o mecanismo medicinal da planta, relatou a coordenadora do trabalho Cassandra Quave. A equipa da investigadora do centro para o estudo da saúde humana e do departamento de dermatologia da faculdade de medicina da universidade demonstrou que a substância extraída das bagas inibe a formação de lesões na pele de ratinhos infetados com Staphylococcus aureus, responsável por infeções cutâneas e respiratórias graves. A substância não mata a bactéria, mas reprime um gene que permite que as suas células comuniquem entre si. Ao bloquear esta comunicação, é possível evitar que as células consigam uma atuação coletiva. «Essencialmente desarma a bactéria MRSA [Staphylococcus aureus], evitando que segregue as toxinas que utiliza como armas para danificar os tecidos», explicou Cassandra Quave, acrescentando que o sistema imunitário normal tem assim mais oportunidade de curar a ferida. Matar as bactérias com medicamentos está a contribuir para aumentar o problema da resistência aos antibióticos, já que algumas delas, mais fortes, podem sobreviver a estes medicamentos e proliferar, transmitindo nos seus genes essa resistência. Este trabalho segue-se a outro de 2015, também do grupo de Cassandra Quave, segundo o qual as folhas do castanheiro europeu também contêm elementos que desarmam a mesma bactéria, sem aumentar a resistência aos medicamentos. No ano passado, as Nações Unidas referiram as infeções multirresistentes como sendo «uma ameaça fundamental» para a saúde e segurança globais, citando estimativas que apontam para que causem, pelo menos, 700 mil mortes por ano, podendo aumentar para 10 milhões em 2050. |