Estudo: Ambiente pode moldar predisposição das crianças quanto ao apetite 1158

De acordo com um estudo realizado, a genética pode influenciar os comportamentos alimentares das crianças, e o ambiente em que se inserem pode moldar a sua predisposição quanto ao apetite.

A pesquisa, denominada por “Genetic and environmental contributions to variations on appetitive traits at 10 years of age: a twin study within the Generation XXI birth cohort”, foi realizada por investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), e publicada na revista Eating and Weight Disorders – Studies on Anorexia, Bulimia and Obesity.

Este estudo pretendia avaliar de que forma a genética e o ambiente influenciavam a variabilidade dos comportamentos alimentares das crianças.

Segundo a primeira autora do estudo, Sarah Warkentin, explicou à agência Lusa, apesar de vários estudos no Reino Unido avaliarem essa influência, em Portugal “não havia nenhum que fizesse essa análise”.

Para isso, foram analisados 86 pares de gémeos, com 10 anos, da ‘coorte’ Geração XXI (um estudo longitudinal do ISPUP que, desde 2005, segue participantes que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto).

E porquê gémeos? Sarah Warkentin explicou que “os gémeos são uma experiência natural porque temos os gémeos idênticos, em que 100% da sua genética é compartilhada, e os não idênticos, em que 50% da genética é partilhada. Por meio de análises estatísticas conseguimos estimar o que é influenciado pela genética e pelo ambiente”.

Os resultados foram obtidos através de um questionário preenchido pelos pais.

Depois os investigadores avaliaram oito comportamentos relacionados com a alimentação, nomeadamente, o prazer em comer, a resposta à comida, o desejo por bebidas, a sobre-ingestão emocional, a resposta à saciedade, a ingestão lenta, a seletividade alimentar e a sub-ingestão emocional.

Constatou-se que a genética tem uma grande influência em todos os comportamentos alimentares.

A exceção é a “sub-ingestão emocional, que parece ser mais afetada pelo ambiente”, afirmou Sarah Warkentin, acrescentando que, apesar da influência genética, “o ambiente em que as crianças se inserem também é muito importante, pois “consegue moldar a predisposição nos comportamentos alimentares”.