Estudo: Amamentação reduz risco de distúrbios comportamentais 836

22 de Junho de 2016

Um estudo divulgado na terça-feira conclui que os bebés alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses de vida veem reduzido para metade o risco de desenvolvimento de distúrbios comportamentais entre os sete e os 11 anos.

Outro estudo, divulgado no mesmo dia, relaciona o nível intelectual e funcional das crianças de quatro anos com a quantidade e qualidade do estímulo que receberam dos pais quando tinham dois anos.

Os dois estudos, realizados respetivamente na África do Sul e no Paquistão, foram financiados pelo Grand Challenges Canada (GCC), um organismo financiado pelo Governo canadiano para promover a saúde materna e infantil em países em desenvolvimento.

A publicação dos estudos coincide com o início, em Toronto, de uma conferência internacional sobre o desenvolvimento infantil organizada pelo GCC.

O médico Peter Singer, conselheiro delegado do GCC, afirmou em comunicado que «uma em cada três crianças em países em desenvolvimento não pode desenvolver todo o seu potencial» e que «estes estudos mostram como os pais podem ajudar a desenvolver crianças inteligentes e sociais», citou a “Lusa”.

O primeiro estudo, publicado na revista “PLOS Medicine”, indica que os bebés que durante seis meses apenas se alimentam de leite materno veem reduzido em 56% o aparecimento de desordens comportamentais, em comparação com os que só mamam durante um mês.

O estudo foi realizado pela médica Ruth Bland, que seguiu o desenvolvimento de 1.500 crianças sul-africanas.

Bland afirma, num comunicado, que o custo económico dos distúrbios de comportamento «é enorme», citando um relatório do Reino Unido sobre o custo dos crimes atribuídos a pessoas com distúrbios comportamentais, que estima gastos de 117 mil milhões de dólares.

O segundo estudo, publicado na revista “The Lancet Global Health” pela médica Aisha Yousafzai, da Universidade Aga Khan de Karachi, centrou-se num grupo de crianças de famílias de baixos recursos nas zonas rurais do Paquistão.

Estas famílias utilizam brinquedos ou utensílios caseiros para estimular as capacidades cognitivas, orais, motoras e afetivas de crianças com dois anos. Este estudo concluiu que as crianças que recebem este «estímulo sensível» até aos quatro anos têm mais probabilidade de ter um maior coeficiente intelectual, melhores capacidades pré-académicas e um comportamento mais social.

Esta investigação foi realizada com 1.302 crianças de quatro anos e as suas mães.