Estudo: Alimentação dos pais pode influenciar hábitos alimentares dos filhos 1563

 

 

16 de outubro de 2018

A alimentação e educação dos pais influência a aquisição de hábitos alimentares na infância, refere um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) a propósito do Dia Mundial da Alimentação, que se assinala hoje.

Em declarações à agência “Lusa”, Sofia Vilela, autora do estudo e investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia do ISPUP, explicou que o estudo, desenvolvido desde 2014, evidenciou «o papel fundamental» dos pais como «atores principais» na educação alimentar e criação de hábitos nas crianças.

«Os pais são os atores principais nesta questão. É importante que os pais entendam que o desenvolvimento da criança está relacionado com uma maior e melhor nutrição ao longo do dia», afirmou Sofia Vilela.

O estudo, desenvolvido no âmbito do Programa Doutoral em Saúde Pública da Universidade do Porto (UP) e intitulado “Tracking the acquisition of eating habits in children and its effects on behaviours related to appetite and on adiposity”, focou-se na evolução dos hábitos alimentares de cerca de cinco mil crianças, com quatro e sete anos, da cidade do Porto.

Com o objetivo de perceber «se os hábitos se mantinham ou alteravam ao longo da infância», a investigadora analisou questões como a qualidade alimentar, o consumo de alimentos energéticos, o número de refeições, a variedade alimentar e ainda os fatores que influenciam a aquisição de hábitos alimentares.

Segundo Sofia Vilela, o estudo revelou existir «uma estabilidade nos comportamentos alimentares das crianças», algo que acredita estar relacionado com «uma maior variedade alimentar».

«Concluímos que as crianças que são expostas a uma maior variedade de alimentos, como diferentes tipos de fruta, vegetais, carnes e peixes, têm uma melhor relação com a comida, visto que têm maior prazer e se tornam menos selectivas», salientou.

O estudo, que incluiu também a participação de cerca de 500 crianças num inquérito alimentar nacional e de atividade física (IAN-AF), revelou que as crianças que praticam «menos de seis refeições por dia (entre refeições principais e lanches) apresentam um maior risco de vir a ter excesso de peso e obesidade», questão que a investigadora acredita merecer «uma maior atenção por parte pais».

«Muitas das vezes os pais não percecionam que a criança tem excesso de peso e isso resulta na conservação dos mesmos hábitos alimentares. Esta é uma questão que merece a atenção dos pais, porque tem impacto quer na alimentação das crianças, quer no risco de poderem vir a ter excesso de peso» acrescentou.