Estudo: 66% dos atletas de alta competição usam suplementos alimentares 1168

15 de Julho de 2014

Um total de 66% dos atletas portugueses de alto nível recorre a suplementos alimentares, a maioria combinando quatro produtos diferentes, indica um estudo desenvolvido pelas faculdades de Desporto e de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

«Estes dados vão ao encontro do que se passa noutros países», disse à “Lusa” Mónica Sousa, coordenadora do projeto, indicando que em Portugal os suplementos mais utilizados são os multivitamínicos/minerais, as bebidas desportivas, o magnésio e a proteína.

Os resultados surgem no âmbito do projeto “Suplementos nutricionais e alimentação no desporto”, cujo um dos objetivos era caracterizar a utilização de suplementos nutricionais dos atletas de alta competição em Portugal.

Para obtenção dos dados foram avaliados 304 desportistas de diversas federações (ciclismo, atletismo, triatlo, ginástica, râguebi, basquetebol, voleibol, judo, natação, basebol, andebol, boxe e esgrima), de diferentes idades, através de dois questionários.

Constatou-se que os atletas que usavam suplementos eram aqueles que «já se alimentavam melhor e que apresentavam uma menor probabilidade de ter carências em micronutrientes», nomeadamente em alguns minerais, indicou a nutricionista.

Noutro estudo associado a este projeto, pretendia-se verificar quais os efeitos resultantes da substituição dos suplementos por uma alimentação combinada.

Tendo sido a aceleração da recuperação muscular a principal razão indicada para a ingestão de suplementos, os investigadores compararam as diferenças entre o consumo de um batido com uma mistura de alimentos e o de um suplemento, tendo ambos uma composição nutricional semelhante.

Depois de medidas algumas variáveis, como é o caso do dano e do desconforto muscular, da recuperação funcional, do stress oxidativo e de parâmetros metabólicos, chegou-se à conclusão de que o «padrão de recuperação era o mesmo».

A nutricionista indica que 15% dos suplementos utilizados pelos atletas estão potencialmente contaminados, podendo conter substâncias que acusam positivo no teste de dopping, o que pode afastar o atleta da prática desportiva oficial.

Apesar de serem «mais práticos» de utilizar e ideias para viagens, outras duas desvantagens associadas a estes produtos são o preço elevado e o sabor. «Nem sempre são fáceis de beber e podem tornar-se enjoativos com o passar do tempo», explicou a investigadora.

«Os alimentos podem ser uma alternativa a alguns suplementos desde que se façam as combinações adequadas, para além de serem mais seguros e terem uma matriz alimentar muito mais rica», afirmou ainda.

No entanto, para que as combinações alimentares resultem, «é necessária a atuação de um profissional», neste caso de um nutricionista, enquanto o suplemento já traz a composição nutricional preparada, podendo ajustar-se mais facilmente ao peso do atleta.

O projeto, desenvolvido na FCNAUP e na FADEUP, no âmbito do doutoramento em Ciências do Desporto, contou com a colaboração de investigadores da Faculdade de Medicina da UP e do Instituto de Saúde Pública do Porto e profissionais do Hospital São João.