Escolas continuam a oferecer doces em excesso a alunos 1294

07 de janeiro de 2019

Ao contrário das orientações avançadas em 2012 pela Direção-Geral da Educação (DGE) com o contributo da DGS, as escolas portuguesas continuam a gastar milhares de euros em chocolates, bolos, biscoitos, bolachas e refrigerantes.

 

Segundo o Jornal “Diário de Notícias”, as recomendações publicadas no documento assinado pela DGE, que deviam ser cumpridas «tanto quanto possível», têm o objetivo de promover uma alimentação saudável e incluem uma lista de produtos a que não deveria ser disponibilizada aos alunos.

 

«Há um nutricionista na Direção-Geral da Educação e há um nutricionista na zona centro do país. Portanto, eu penso que os portugueses não têm a noção que é esta a realidade, não há nutricionistas nas escolas», afirmou a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas na sequência desta informação.

 

Num só mês foram gastos 300 mil euros nos produtos referidos e no último mês surgiram 30 contratos no Portal Base, que se destina a divulgar as contratações públicas referentes à compra destes produtos por agrupamentos de escolas. Alguns destes contratos são referentes a uma das maiores empresas portuguesas de refrigerantes.

 

O “Diário de Notícias” refere ainda o relatório “Gerações mais saudáveis” do Conselho Nacional de Saúde, no qual consta que a maior parte das escolas não considera a proporção entre produtos a destacar e os que se deve limitar: «Um estudo recente, com uma amostra de 156 escolas públicas e cinco escolas privadas a nível nacional, revelou que somente 1,3% respeitam a proporcionalidade de 3:1 entre géneros alimentícios a promover e géneros alimentícios a limitar», lê-se no relatório a que o referido meio teve acesso.

 

Em 2016, o mesmo jornal revelava instituições de ensino que ainda disponibilizavam bebidas açucaradas e alimentos «pouco saudáveis» nas máquinas de venda automática e bares escolares. Segundo um estudo efetuado pela Faculdade de Ciências de Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto em 2015, 80% das escolas consideradas na investigação ainda ofereciam produtos incluídos «na lista proibida» da DGE.

 

No portal da Ordem dos Nutricionistas, recorda-se que em 2018 a Organização Mundial de Saúde (OMS) felicitou o Governo português pelos esforços na promoção da alimentação saudável, nomeadamente no que diz respeito às restrições ao consumo de açúcar, tornando o país um dos líderes europeus na área da nutrição e saúde.

 

 

Recomendações da Direção-Geral de Educação

 

Alimentos proibidos:

Salgados, Pastelaria, Charcutaria, Molhos, Refrigerantes, Gelados de água, Doces com teor de açúcar superior a 50%, Guloseimas, Snacks,Fast-food, Chocolates em embalagens superiores a 50g, Bolachas e biscoitos com cobertura e/ou recheadas.

 

Alimentos a limitar:

Bolachas/Biscoitos com menor teor de lípidos e açúcares (Maria, água e sal, etc.), Barras de cereais, Bolos à fatia, Bolos com ou sem creme, Manteiga, Cremes para barrar, Marmelada e compotas com teores de fruta de pelo menos 50%, Néctares de fruta com um valor de fruta entre os 25% e os 50% e chocolates, Gelados de leite ou de fruta.

 

Alimentos a promover:

Laticínios, Fruta, Hortícolas, Pão (sandes enriquecidas com hortícolas), Água, Sumos de fruta naturais, Sumos 100% sem açúcares ou edulcorantes adicionados, Bebidas que contenham pelo menos 70% de sumo de fruta e/ou hortícolas, Tisanas e infusões.