Épocas festivas: estaremos perante uma mudança de paradigma? 1907

Sabemos que, nos dias de hoje, as épocas festivas estão já ligadas intrinsecamente ao ato de consumismo, seja ele na quantidade de prendas ou na quantidade de alimentos com que presenteámos os mais próximos. Sendo esta época caracterizada pela abundância alimentar, significa também que existem enormes quantidades de desperdício alimentar.

Numa altura em que todos discutimos o tema da sustentabilidade, onde atualmente, de acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization), cerca de um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo globalmente são desperdiçados, é fulcral sensibilizar ainda mais a população para esta temática. O planeamento das refeições natalícias com antecedência, saber se alguém trará algum alimento extra para estas refeições e o aproveitamento das sobras da preparação destas para a elaboração de outros pratos igualmente saborosos, são algumas dicas que a Associação Portuguesa de Nutrição deixa nesta quadra.

É importante consciencializar a população que estas épocas não necessitam de ser menos prazerosas a nível alimentar nem que existe necessidade de desperdiçar grandes quantidades de alimentos, bastando apenas fazer uma confeção mais eficiente, escolhendo os alimentos certos e na medida certa. É também de relevante abordar o facto de a população procurar cada vez mais receitas ditas fit, pois o raciocínio é realmente evitar os excessos que nesta altura são tão comuns.

Isso leva a que a receita da avó vá perdendo o interesse e que as receitas ditas mais saudáveis com que somos bombardeados online nesta altura ganhem cada vez mais adeptos. Estes alimentos não levam a nada menos que à não total satisfação, ao pensamento de que “se então é mais saudável, posso comer mais” e que o resultado final seja ainda pior do que se optasse pela cozinha tradicional.

Por fim, esta época deve ser regida pela opção do que efetivamente lhe sabe bem, evitando excessos e tendo em conta a sustentabilidade das suas refeições, mas pensando sempre que deve aproveitar os costumes alimentares exatamente como eles são, porque o mais importante é aproveitar os momentos em família e a convivência à mesa.

Diogo Oliveira dos Santos e Rafael Torres
Direção da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição