Um estudo realizado em Espanha, pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), e publicado na Clinical Nutrition, encontrou relação entre o consumo de alimentos e bebidas com muitos ingredientes adicionados (como açúcar, sal, gordura, corantes e conservantes artificiais ou que são feitos principalmente de substâncias extraídas dos alimentos) e o risco de desenvolver cancro colorretal.
O estudo denominado por “Consumption of ultra-processed foods and drinks and colorectal, breast, and prostate cancer”, tem como primeiro autor Dora Romaguera.
O estudo também analisou a relação entre alimentos e bebidas ultraprocessados e dois outros cancros, embora nenhuma associação tenha sido observada relativamente ao cancro da próstata, e no grupo do cancro da mama um risco maior foi observado no subgrupo de ex-fumadores que relataram uma dieta rica em produtos ultraprocessados.
Os alimentos ultraprocessados são aqueles que mais sofrem processamento. São formulações industriais com mais de cinco ingredientes que geralmente contêm substâncias adicionadas, como açúcar, gorduras, sal e aditivos. São exemplos os refrigerantes açucarados, refeições prontas e produtos industrializados de panificação produzidos em massa.
O objetivo do estudo foi avaliar se o consumo de alimentos e bebidas ultraprocessados está associado ao aumento do risco de cancro colorretal, da mama ou da próstata.
A análise realizada teve por base questionários sobre comportamentos alimentares respondidos por cerca de 8.000 pessoas em Espanha.
Responderam ao questionário um total de 7.843 adultos que viviam em diferentes províncias espanholas: metade dos participantes tinha diagnóstico de cancro colorretal (1.852), da mama (1.486) ou da próstata (953), e a outra metade eram pessoas com as mesmas características que não tinham cancro. Os resultados foram então classificados de acordo com o nível de processamento usando a classificação Nova.
A classificação Nova consiste em agrupar todos os alimentos e bebidas em categorias (quatro) de acordo com a quantidade de processamento a que são submetidos.
O estudo concluiu que o consumo de alimentos e bebidas ultraprocessados está associado a um maior risco de cancro colorretal. Um aumento de 10% no consumo de alimentos e bebidas ultraprocessados foi associado a um aumento de 11% no risco de desenvolver cancro colorretal.
Essa relação pode ser explicada pelo baixo consumo de fibras, frutas e vegetais, que são conhecidos por oferecer proteção contra o cancro colorretal, mas também pelos aditivos e outras substâncias com potencial carcinogénico tipicamente utilizadas em produtos alimentares processados.
Os resultados do estudo mostraram que as pessoas com cancro da mama e colorretal, mas não com cancro da próstata, relataram dietas menos saudáveis do que as pessoas sem cancro no grupo de controle.
No caso do cancro da mama, só foi encontrada uma associação no grupo de fumadores e ex-fumadores. Fumar é um fator de risco para o cancro da mama. Quando se junta fumar e alguns fatores dietéticos, como o consumo de alimentos e bebidas ultraprocessados, há a possibilidade destes terem efeitos sinérgicos no desenvolvimento do cancro.
Aliás, os grupos de alimentos que tiveram uma maior proporção do consumo de alimentos ultraprocessados foram bebidas açucaradas (35%), produtos açucarados (19%), alimentos prontos para consumo (16%) e carnes processadas (12%).
Pode consultar o estudo aqui.