31 de outubro de 2018 Estima-se que o desperdício alimentar em Portugal diminua 15% em 2027, a par com um aumento do consumo de produtos biológicos. É a conclusão de um estudo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), que juntou especialistas de várias áreas para identificar as tendências alimentares dos portugueses para o futuro. «O mercado dos produtos biológicos em Portugal vale cerca de 42 milhões de euros, ou seja, cada português consome anualmente 4 euros, sensivelmente», constata Rui Rosa Dias, um dos coordenadores deste estudo que antecipa um aumento do consumo de produtos biológicos para dez euros per capita, mais do dobro do consumo atual. Assim sendo, em 2027 o negócio vai valer cerca de 100 milhões de euros em Portugal. «Ainda é um alfinete no contexto do setor agroalimentar em Portugal, que vale 14 mil milhões de euros», diz Rui Rosa Dias. Cerca de 90% dos produtos biológicos consumidos em Portugal são importados. «Estamos a falar de uma cadeia logística enorme que encarece as matérias-primas», admite. Mas, revela Rui Rosa Dias que caro é comer barato, sobretudo para os recursos do planeta. É por isso que chega sempre uma altura do ano em que passamos a consumir recursos que só deveríamos gastar a partir de 1 de janeiro do ano seguinte. No caso português, estamos a viver a crédito desde 16 de junho. Rui Rosa Dias considera que mais oferta de biológicos terá como consequência preços mais em conta, referindo que agora há uma nova geração que entra agora no mercado: mais preocupada com a sustentabilidade e com o meio ambiente. É aqui que o aumento do consumo de produtos biológicos ajuda a travar o desperdício alimentar. “Vamos ter necessidade de reequacionar o nosso consumo diário. O facto de aumentarmos o segmento biológico, não quer dizer que vamos aumentar também o desperdício. O desperdício vai ter políticas próprias de governação. É preciso taxar quem desperdiça alimentos bons para consumo. Portanto, vamos consumir mais produtos biológicos e, necessariamente, menos produtos convencionais», conclui Rui Rosa Dias à “Rádio Renascença”. |