Educação socioemocional é imperiosa para educação integral e saúde mental de crianças e jovens 1066

A Fundação Calouste Gulbenkian e o Ministério da Educação fecharam um acordo que visa implementar, já no próximo ano letivo, um projeto de formação de professores na área da educação socioemocional. O anúncio foi feito por Pedro Cunha, Diretor do Programa Gulbenkian Conhecimento, no âmbito de um evento online dinamizado pela Associação Mente de Principiante – organização com intervenção no desenvolvimento pessoal desde a infância -, que reacendeu o debate para a valorização das competências sociais e emocionais das crianças e jovens e lançou um Ebook sobre o programa de educação socioemocional que intervencionou, de forma pioneira, em quatro escolas públicas de Matosinhos, distrito do Porto, neste ano letivo que agora termina.

A educação socioemocional tem vindo a assumir uma importância crescente e comprovada em contexto escolar.
No mesmo dia que decorreu o webinar, era aprovado em Resolução do Conselho de Ministros nº 90/2021 de 7 de julho, o Plano 21/23 Escola+ (um Plano Integrado para a Recuperação das Aprendizagens em alunos do Ensino Básico e Secundário), e que prevê, entre os objetivos estratégicos, o investimento no bem-estar social e emocional.

A mudança de paradigma já está a acontecer em Portugal. A provar esta realidade está o sucesso da implementação do programa de educação socioemocional ‘Calmamente – Aprendendo a Aprender-se’ no ano letivo 2020/2021. O projeto foi integrado em horário curricular de quatro escolas do Agrupamento de Escolas Abel Salazar, em Matosinhos, e foi dinamizado pela Academia Mente de Principiante com o apoio das Academias Gulbenkian do Conhecimento e monitorizado pelo Instituto Universitário da Maia (ISMAI). Os resultados preliminares foram revelados no webinar promovido pela Mente de Principiante intitulado “Calmamente – Aprendendo a Aprender-se — Viagens no Presente e no Futuro”, onde todos os agentes educativos participantes no evento sublinharam o impacto positivo da educação socioemocional, reconhecendo a sua implementação como imperiosa para a educação integral de crianças e jovens e, ainda, como ferramenta de prevenção ao nível da saúde mental.

“Já não questionamos porquê, nem para quê, mas como vamos fazer para implementar”, realçou um dos oradores convidados do webinar, Pedro Cunha, Diretor do Programa Gulbenkian Conhecimento, a maior rede europeia que trabalha com projetos de competências sociais e emocionais em Portugal, e onde está integrada a Academia Mente de Principiante.

Formação de Professores avança no próximo ano letivo

Um elemento essencial na promoção da literacia emocional passa pela formação inicial de professores. Uma questão imperativa que terá resposta, já no próximo ano letivo, através de um projeto que resulta de um acordo entre Ministério da Educação e as Academias Gulbenkian do Conhecimento, segundo anunciou no webinar Pedro Cunha, representante da Gulbenkian. A notícia foi acolhida com grande entusiasmo pelos docentes e encarregados de educação intervenientes no debate e pelos mais de 200 participantes que assistiram ao webinar.

“Ninguém acredita já que o papel da escola é transmitir apenas competências cognitivas e académicas, mas sim, também, competências sociais e emocionais. A Mente de Principiante teve esta ambição de promover uma educação integral, de levar a educação para fora dos portões da escola, para dentro de casa. E num contexto de pandemia, este foi o momento certo para agir. Esta parceria entre ISMAI e Mente de Principiante estabelece a ponte entre a investigação e a prática e os resultados da monitorização apontam para a satisfação dos envolvidos. Não tenho dúvidas de que este programa será para replicar considerando a sua sustentação científica com impacto positivo”, salientou Carla Peixoto, coordenadora científica do estudo de avaliação e monitorização do Programa Calmamente, do ISMAI, revelando que dados de um outro estudo desenvolvido pela sua equipa de investigação, em 2020, demonstram que os professores acreditam na integração curricular da educação socioemocional, apontando como um dos principais entraves “a falta de formação dos docentes.”

Famílias defendem continuidade e alargamento a outros ciclos
Gratidão e esperança foram as mensagens partilhadas na mesa-redonda que deu voz aos representantes das Associações de Pais das escolas abrangida pelo projeto. Gratidão pelo trabalho realizado pela equipa de facilitadoras da Mente de Principiante que acompanhou os alunos na viagem pelas emoções e, sobretudo, muita esperança na continuidade do programa. “Mais do que excelentes alunos, queremos os nossos filhos fortes, seguros, resilientes. É fundamental aprenderem a criar alicerces de sustentação emocional para serem adultos equilibrados. Temos uma enorme esperança na continuidade deste programa – que foi tão benéfico e positivo para toda a família – e no seu alargamento a outros ciclos.”, frisaram.

Expansão da Rede Calmamente no ano letivo 2021/22

O programa Calmamente – Aprendendo a Aprender-se já tem novas viagens marcadas para o próximo ano letivo 2021/2022. “Fruto da parceria entre a Academia Mente de Principiante e autarquias e agrupamentos escolares de várias localidades do país, o programa Calmamente vai continuar a ser implementado no Ensino Público. Algo que nos faz sentir muito orgulhosos por estarmos finalmente a mudar o paradigma da educação em Portugal, levando as Emoções a integrar os currículos escolares.”, destaca Andreia Espain, fundadora da Associação Mente de Principiante, autora e coordenadora do Programa Calmamente, cuja implementação está a cargo da Academia Mente de Principiante.