A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, afirmou na quinta-feira (04) que o país continua a “não fazer o suficiente” na implementação de medidas no âmbito da saúde mental, mas também da qualidade de vida associada à longevidade e obesidade.
“Continuamos ainda a não fazer aquilo que é suficiente no âmbito da saúde mental”, afirmou Rita Sá Machado, durante o Encontro de Ciência, que decorre até sexta-feira no Porto.
Numa sessão plenária dedicada às doenças e terapias do futuro, a diretora-geral da Saúde destacou que a própria pandemia revelou a necessidade de, além de uma boa saúde física, “conseguirmos ser mais resilientes e mais fortes”.
Para tal, defendeu, é necessário “preparar o futuro no início da vida”, cita a Lusa.
“Na Direção-Geral de Saúde (DGS) para além de nos preocuparmos com doenças, preocupamo-nos sobretudo com a saúde”, observou, apontando também como insuficientes as medidas implementadas ao nível da qualidade de vida e longevidade.
“A verdade é que aumentamos a nossa longevidade e ainda não fomos capazes de melhorar a qualidade. E não fomos capazes por variadíssimas razões (…) porque ainda não conseguimos implementar políticas que vão a 10 anos e não a quatro anos, que não seguem ciclos eleitorais”, referiu.
Rita Sá Machado defendeu por isso a necessidade de se traduzir rapidamente a inovação cientifica em “políticas para a população”.
À saúde mental e qualidade de vida, Rita Sá Machado somou ainda o excesso de peso e obesidade, doenças que preocupa e as quais considerou “o elefante na sala”.
“Continuamos a falar deste elefante que está na sala, mas uma vez mais ainda não estamos a fazer o suficiente”, observou.
Destacando a implementação de estratégias como a redução do teor de sal no pão ou das imposições a bebidas açucaradas, Rita Sá Machado afirmou, no entanto, existir um “largo espetro para conseguir fazer algo” nestas doenças.
“Não é normal e não pode ser normal nas nossas sociedades que mais de 50% das nossas crianças e adultos tenham excesso de peso ou obesidade. Não pode ser. Isto porque a obesidade para além de ser considerada doença, também é um fator de risco para outras doenças”, acrescentou.
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Sobre esta matéria, também o presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Henrique Barros, que moderou o painel, destacou que Portugal é um dos países com menor percentagem de investimento na prevenção da obesidade.
Sob o lema “Ciência para Uma Só Saúde e bem-estar global”, o Encontro Ciência arrancou na quarta-feira e decorre até sexta-feira na Alfândega do Porto. No encontro são esperados cerca de 200 oradores.