08 de março de 2017 O diretor-geral de Alimentação e Veterinária rejeitou hoje que haja perigo para a saúde pública pelos problemas encontrados na carne picada para hambúrgueres vendida em talhos de Lisboa e Porto num estudo da associação de defesa do consumidor Deco, segundo a “Lusa”. Em declarações à mesma publicação, à margem de uma audição na Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, Fernando Bernardo, afirmou que das conclusões do estudo só se pode tirar «algum risco para a saúde humana», mas em situações individuais, como as pessoas que são alérgicas aos sulfitos usados irregularmente para a carne parecer mais fresca. No estudo da Deco apresentado em final de janeiro, foi encontrada em 25 talhos de Lisboa e Porto carne picada vendida para hambúrgueres conservada a temperaturas mais alta que o permitido, bactérias nocivas para a saúde como a “salmonella”, e presença irregular e não declarada de sulfitos. Perante os deputados da comissão, o responsável defendeu que é aos operadores económicos que compete ter a «responsabilidade social e civil» de vender um produto que não apresenta riscos para a saúde e cumpre as normas de apresentação e manuseamento definidas na legislação. Aos produtores e comerciantes de carne compete «afirmarem uma capacidade de se auto-regularem» para que se possa criar «um clima de confiança entre quem vende e quem compra», defendeu. Fernando Bernardo disse à Lusa que não compete às autoridades, como a sua direção-geral ou a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, «responsabilizar-se pela segurança dos géneros alimentícios», porque são «os operadores económicos que têm que pôr no mercado produtos seguros». Fernando Bernardo afirmou que o estudo mais recente e o “impacto de notícias alarmistas” sobre as suas conclusões “é cada vez menor” junto dos consumidores, até porque “não há vítimas e não é possível demonstrar que isto é um problema”. “Não se pode fazer da alimentação uma psicose ou o apocalipse”, declarou, afirmando que os riscos que podem colocar as irregularidades encontradas pela Deco são “situações extremas” e a regulamentação não é feita em função delas. Quanto à fiscalização, com um número de talhos que variará entre 6.500 e 11.000 em todo o país, “não se pode pôr um polícia atrás de cada operador”, tornando-se “praticamente impossível a fiscalização sistemática todos os anos”. A entidade que dirige “não faz fiscalização, faz controlo oficial” e define “o quadro regulamentar” e as características da carne vendida, como deve ser manipulada e que regras de rotulagem tem que cumprir. |