DGS recomenda sistema simples e único de rotulagem dos alimentos 2663

A evidência científica mostra que os consumidores têm dificuldade em interpretar a informação nutricional obrigatória que está presente nos rótulos dos produtos alimentares. Um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS), cujos resultados serão hoje apresentados, recomenda ao Governo que adote um sistema de rotulagem dos alimentos simples e único, que ajude os consumidores a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis.

De acordo com o trabalho desenvolvido pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da DGS, em conjunto com a Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (ISAMB-FMUL), a escolha de produtos saudáveis aumenta três a cinco vezes com este tipo de sistemas.

O sistema de rotulagem deve ser, segundo os autores, único e consensual para os cidadãos, peritos e stakeholders, mas também adaptável aos produtos comercializados em Portugal. Sublinham igualmente que a adoção de um sistema de rotulagem nutricional único deve ser acompanhada de “um programa de educação alimentar” que promova o conhecimento acerca desse sistema e o seu correto uso, bem como da implementação de uma estratégia de monitorização que avalie o impacto desta medida.

O estudo, conduzido com o apoio técnico da Organização Mundial da Saúde, avaliou diferentes sistemas de rotulagem nutricional interpretativos, nomeadamente quanto à sua capacidade de contribuírem para escolhas alimentares mais informadas e saudáveis. Apesar do sistema do semáforo nutricional, que é já utilizado parcialmente em Portugal, ter sido aquele onde se verificou uma maior percentagem de participantes a selecionar a opção correta, não se verificaram diferenças com significado estatístico entre os diferentes sistemas de rotulagem nutricional simplificada.

Os autores do trabalho consideram ainda que o Governo português deve considerar os sistemas de rotulagem nutricional simplificativos já adotados em Portugal, “mas também os sistemas que estão a ser adotados por outros países, nomeadamente naqueles que apresentam relações comerciais relevantes com Portugal”.

Face aos custos e à logística inerentes à implementação de rotulagem nutricional simplificativo, os representantes do setor da Indústria Alimentar, que acompanharam o estudo, mostraram-se preocupados, sublinhando a importância do seu envolvimento nos processos de reflexão e decisão sobre qualquer medida a respeito deste tema.