O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) realizou um estudo com o objetivo de estimar a prevalência relativa à preocupação da população residente em Portugal continental com o consumo de sal em 2014 e 2018, avaliar a sua evolução, e caracterizar o perfil sociodemográfico dos participantes que manifestaram preocupação com este consumo.
Este trabalho, denominado por “Preocupação com o consumo de sal em Portugal: comparação entre os inquéritos ECOS de 2014 e 2018”, foi realizado por Joana Santos, Ana Rita Torres e Mariana Neto do Departamento de Epidemiologia, e publicado no Boletim Epidemiológico Observações, publicação científica do INSA.
Esta análise teve como base os dados provenientes dos inquéritos ao painel ECOS (Em Casa Observamos Saúde). Os dados foram restringidos aos residentes em Portugal continental, com 795 indivíduos em 2014 e 962 indivíduos em 2018.
A preocupação com o consumo de sal foi avaliada através da pergunta: “Atualmente tem atenção, ou está a tentar reduzir o seu consumo de sal?”, que abrangia o sal adicionado durante a confeção doméstica de refeições, ou o sal contido pela ingestão de alimentos já confecionados.
Constatou-se então que em 2014, 77,3% da população manifestou ter preocupação quanto ao seu consumo de sal, enquanto que em 2018 este valor diminuiu para 75,2%, ainda que de forma não estatisticamente significativa.
Em ambos os anos, as mulheres preocupadas com o seu consumo de sal foi mais elevada do que nos homens: 82,3% para o sexo feminino face a 71,6% para o sexo masculino em 2014, e 77,6% para o sexo feminino face a 72,4% para o sexo masculino em 2018.
Em 2014, no grupo etário 65 ou mais anos 83,5% dos indivíduos referiu ter preocupação com o consumo de sal, seguido pelo grupo dos 45 aos 64 anos com 82,4% e por último, pelo grupo etário dos 15 aos 44 anos com 70,2%. Em 2018, o padrão manteve-se, embora o grupo com idades compreendidas entre os 45 e os 64 anos tenha sofrido uma redução (73,1%) e o grupo sénior um ligeiro aumento (86,4%).
Ainda que de forma não significativa, quer em 2014, quer em 2018, a preocupação com a ingestão de sal foi mais frequente na população com menor nível de escolaridade (ensino básico) comparativamente à população com maior nível de escolaridade (ensino superior): 81,1% face a 73,3% em 2014, e 77,3% face a 70,5% em 2018.
A região de Lisboa obteve os valores mais elevados (86,1%), em 2014, e a região Centro o menor valor (71,3%). Em 2018, observou-se uma alteração deste padrão, sendo que 81,0% dos indivíduos da região Alentejo referiu ter preocupação com o sal, contra 72,2% de inquiridos no Algarve.
Em conclusão, os resultados mostram que não existiram diferenças significativas na preocupação com o consumo de sal, entre 2014 e 2018.
O consumo excessivo de sal aumenta o risco de doenças crónicas, nomeadamente hipertensão, acidente cardiovascular cerebral (AVC), doença coronária e obesidade (1-4), pelo que a sensibilização da população é uma medida recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para a diminuição do seu consumo.