10 de Outubro de 2016 A reduzida presença de A2A nos idosos agrava a inflamação gastrointestinal, concluiu uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), que acredita que a descoberta pode abrir portas a novas estratégias preventivas e terapêuticas. «A carência de um “sensor” envolvido na regulação do tubo digestivo agrava a inflamação gastrointestinal nos idosos, revela um estudo realizado por uma equipa de investigadores» de Coimbra, em colaboração com especialistas das universidades do Porto e do Ceará (Brasil), anunciou hoje a UC. A descoberta «abre portas para o desenvolvimento de novas estratégias preventivas e terapêuticas para uma das inflamações mais comuns na terceira idade», sustentam os especialistas envolvidos na investigação, citados pela “Lusa”. Enquanto no intestino dos jovens e adultos, «perante uma situação de infeção gastrointestinal, este “sensor” (recetor de adenosina A2A) responde com o aumento de sinalização, permitindo controlar o dano provocado pelo agente da infeção, nos intestinos dos idosos tal não acontece», explica a coordenadora da investigação, Teresa Gonçalves. O estudo, desenvolvido ao longo dos últimos dois anos, com a colaboração de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e da Universidade Federal do Ceará (Brasil), mostrou que, nos idosos, «a presença de A2A é muito reduzida» e, por isso, «o sistema de sinalização» não funciona. «Este sistema de sinalização é importante no controlo da infeção gastrointestinal e a sua perda de eficiência é um fator que contribui para a menor capacidade de lidar com infeções gastrointestinais no idoso, em particular infeções oportunistas», esclarece Teresa Gonçalves, citada pela UC. Por outro lado, acrescenta a docente da Faculdade de Medicina da UC e investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), o A2A participa também «no controlo do nível de acidez do estômago e a sua deterioração com a idade irá refletir-se na disfunção do estômago, contribuindo igualmente para o aumento do perigo de alguns microrganismos». Assim, «os resultados deste estudo poderão ser um contributo para minorar a incidência de infeções oportunistas e processos inflamatórios que aumentam a partir dos 65 anos», salienta a investigadora. Realizado em modelos animais (ratinhos) de três faixas etárias (jovens, adultos e idosos), o estudo foi publicado na revista científica Oncotarget. A investigação foi financiada pelo programa NARSAD (sigla de Aliança Nacional para a Investigação sobre Esquizofrenia e Depressão), dos EUA, e por fundos comunitários, através, designadamente, do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) e do COMPETE (Programa Operacional Fatores de Competitividade), via Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). |