Durante a passada sexta-feira, realizaram-se as 1as Jornadas do Serviço de Nutrição da Madeira, organizadas pelos Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, com os principais objetivos de falar sobre o presente e o futuro da nutrição, entender os pontos positivos e aqueles que precisam de ser melhorados, perceber de que maneira é possível fazer um diagnóstico e também conhecer os guias de tratamento das áreas ligadas a doenças do foro nutricional.
A segunda conferência foi relativa A nutrição na saúde: que desafios?, Pedro Ramos, secretário regional de Saúde e Proteção Civil, explicou a história e o caminho que os nutricionistas fizeram e devem continuar a fazer para obter os melhores resultados.
O secretário regional relembrou que a nutrição olhada enquanto ciência iniciou-se no início do século XX, ainda que na Grécia antiga a ligação entre a saúde e alimentação já fosse uma evidência, uma vez que era conectada com a preservação da saúde.
Pedro Ramos falou de um documento emitido por Úrsula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em maio deste ano, que realça a importância de prevenir a obesidade infantil e diminuir doenças não transmissíveis que causem a morte. O secretário regional indicou, contudo, outros desafios que a Europa e mundo enfrentam relativos à influência da alimentação no dia a dia das sociedades.
Neste sentido, o secretário regional declarou que algumas pessoas não entendem para que serve um nutricionista, visto que socialmente a ideia de nutricionista está intimamente ligada ao de dieta. Mas os profissionais de nutrição desempenhem mais tarefas como serviço hospitalar para que os pacientes tenham uma alimentação adequada à condição que os suporta.
Dieta Mediterrânica
O orador reforçou ao longo da conferência que é importante haver um “investimento a nível da prevenção”. Aliás, um dos objetivos da União Europeia é a redução em 50% de mortes prematuras de pessoas com 75 anos que sofram de doenças não transmissíveis (doenças crónicas).
Atualmente, a mais gabada gastronomia é a mediterrânica, por ser simples e onde a sopa é um prato essencial. O orador destacou os variados benefícios devido ao consumo deste tipo alimentação: “Qualidade de vida, controlo do peso, níveis estáveis de glicemia e pressão arterial, melhor qualidade de sono, maior longevidade, menor incidência de doenças pulmonares e cardiovascular, e menor incidência de cancro”. Ainda assim colocou a seguinte questão: “se somos apologistas da Dieta Mediterrânica, porque é que 60% da população portuguesa está em situação de pré-obesidade?”
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que as doenças não transmissíveis, doenças crónicas, são as principais causadoras de morte no mundo tendo representado mais de 60% das mortes em 2008. Em 2013 declaração de Viena sobre nutrição e doenças não transmissíveis no contexto da saúde, que visa à proteção do cidadão face à doença crónica.
Desafios futuros
Pedro Ramos falou ainda sobre os desafios do futuro que podem envolver os nutricionistas como o de “trabalhar com a saúde termal ou fisioterapia, normalmente associadas as unidades hoteleiras”, uma vez que poderá ter um papel a desempenhar ao nível do turismo baseado em hotéis e restauração. Na hotelaria é possível desenvolver diversos planos não só no âmbito da higiene e segurança alimentar, mas também na área da qualidade nutricional”
Sobre a ilha da Madeira, o secretário regional sublinhou que no futuro serão necessários mais recursos humanos, maior criação de estratégias, uma apresentação do plano regional de saúde 2030, e por fim a necessidade de olhar para o “plano de segurança do doente”. O secretário regional mostrou-se satisfeito com os trabalhos realizados, mas mencionou que há sempre “margem para melhorar”.