Deco Proteste: Fiambre com demasiados aditivos, água e sal 1420

A Deco Proteste fez um teste a 14 amostras de fiambre e identificou aditivos, água e sal a mais.

“Entre os dois testes que realizámos, em 2009 e já em 2022, os problemas identificados permanecem: aditivos, água e sal”, começa por indicar a Deco, que acrescenta, “as 14 amostras de fiambre da perna extra pré-embaladas e fatiadas que testámos reincidem em pontos pelos quais nos continuamos a bater”.

Tendo em conta estes valores, a organização de defesa do consumidor “exige legislação realista e a revisão dos aditivos autorizados”.

“Exigimos que aditivos, como os glutamatos ou os fosfatos, não sejam autorizados em alimentos nos quais são dispensáveis. Contestamos a falta de disposições legais apertadas no fiambre e outros produtos de charcutaria. E pensamos que ainda é possível reduzir mais o sal, apesar de a quantidade ter baixado cerca de 10% face ao nosso estudo de 2009. No presente teste, o teor medido ainda é elevado, e, portanto, longe do nutricionalmente recomendado. Quanto à microbiologia (conservação e higiene), todas as amostras, preparadas a partir da carne da perna de suíno, se mostraram irrepreensíveis”, indica a Deco, no seu portal.

A quantidade de água no fiambre, é também criticada pela organização.

“Ao contrário do que acontece noutros países europeus, como Bélgica e França, cujo fiambre testado não deixa transparecer tanta água, os fabricantes portugueses adicionam demasiada. Para melhorar as características organoléticas e evitar a desidratação durante a cozedura, no fabrico do fiambre, injeta-se salmoura, uma solução aquosa com sal e aditivos, entre outros ingredientes. Esta lógica perde sentido, contudo, quando se adiciona água em demasia. Outro contra é a humidade excessiva acelerar o processo de degradação”, explica.

O mesmo se passa com os aditivos: “é prática corrente utilizar aditivos desnecessários ou enganosos, como os fosfatos, para reter água de forma artificial, ou intensificadores de sabor, para mascarar a qualidade das matérias-primas utilizadas. Nenhuma amostra escapou à adição de fosfatos. A legislação sobre aditivos estabelece um limite máximo de fosfatos adicionados — nada menos do que o equivalente a mais do dobro do teor natural na carne. Uma legislação transversal, como a dos aditivos alimentares, não deveria tolerar substâncias desnecessárias, e que podem enganar o consumidor, não só no caso do fiambre, como também em muitos outros alimentos”.

A Deco também confirmou o uso de intensificadores de sabor, como os glutamatos, que mascaram a pobreza dos ingredientes ou as matérias-primas com pouco paladar.

“Confirmámos a adição de glutamatos em duas amostras. Estes intensificadores de sabor são inúteis e enganadores. A legislação sobre aditivos estabelece um limite máximo, mas, na verdade, não os deveria autorizar”, avança a organização.

Outro dos excessos encontrados, foi o sal, com a Deco a indicar que “todos os produtos chumbaram neste critério. Duas fatias de fiambre com 20 gramas representam cerca de 10% da ingestão máxima diária de sal recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

A Deco Proteste alerta que em Portugal, “a ingestão excessiva de sal é o comportamento alimentar inadequado que mais contribui para a perda de anos de vida saudável, ingerindo-se cerca de uma dezena de gramas por dia, o que corresponde ao dobro do valor recomendado pela OMS aos adultos (para as crianças, são três gramas)”.

A organização de defesa do consumidor lembra que o fiambre é um alimento perecível, e que na hora de comprar o consumidor precisa de se certificar de se este se encontra conservado a uma temperatura entre 0 e 5ºC, se não está repleto de água, se o fiambre se encontra com um rosa-acinzentado, cor característica do fiambre.

“Se for muito intensa, provavelmente, houve adição abundante de nitritos, conservantes que, em excesso, podem ser nocivos. Quando o cinzento sobressai, pode ser sinal de problemas de conservação. Alterações na cor e na textura também podem resultar de problemas microbiológicos. A existência de buracos pode ter origem no excesso de açúcares.
Saco isotérmico é onde o fiambre deve ser transportado. E deve ir para o cesto ou para o carrinho das compras em último lugar”, explica.

Para além disso, deve conservar este alimento “no frigorífico dentro da sua embalagem. Uma vez aberta, guarde-o num recipiente fechado. Evita contágios e odores estranhos e minimiza a desidratação. Consuma em três dias. Atente à formação de limo, à cor esverdeada e ao sabor acre”.