Desde 1993 com os trabalhos de Romon e colegas que parecem existir diferenças entre, as mesmas pessoas, fazerem exatamente a mesma refeição de manhã ou ao final da tarde/noite. Um trabalho interessantíssimo mais recente (2015) de Bo e colegas parece tornar mais evidentes as diferenças. 20 pessoas ingeriram numa semana, às 07h00 uma refeição de aproximadamente 1118kcal, alto teor em proteína e baixo em hidratos de carbono e passado uma semana, realizaram precisamente a mesma refeição mas desta vez às 19h00 por forma a avaliar as diferenças circadianas no dispêndio energético e padrão metabólico.
Se considerarmos que o nosso dispêndio energético total diário engloba a nossa taxa de metabolismo basal (energia necessária para manter as funções do organismo em repouso), à qual adicionamos o efeito térmico dos alimentos ou termogénese induzida pela refeição (aumento na taxa de metabolismo basal após ingerir uma refeição que corresponde a cerca de 10% do total) e, por fim, a atividade física. Posto isto, este trabalho mostrou alterações na segunda componente, onde a refeição que foi consumida ao final da tarde pareceu gastar menos 90(!) kcal que a mesma refeição feita de manhã. Ou seja, apesar da refeição ter o mesmo valor energético, ao final do dia parece que gastamos menos energia para a metabolizar resultando, contas feitas, num menor gasto energético total.
Estes resultados corroboram conclusões de outros trabalhos, mostrando que poderá ser interessante “encaixar” uma grande percentagem das calorias programadas para o dia para a parte da manhã e início de tarde. Estes dados e informações devem fazer parte do repertório do nutricionista, cabendo a este adaptar às circunstâncias do indivíduo que se encontra à sua frente, sendo imperativo garantir o maior tempo de adesão possível ao plano alimentar, seja com mais calorias de manhã ou ao final do dia.