Mitos e Factos Realizou-se no passado dia 17 mais um Dia Mundial da Hipertensão. Este ano a Direção da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), entidade responsável pela sua realização no nosso país, escolheu a cidade da Covilhã para capital das comemorações. De entre os vários eventos que a SPH leva a cabo ao longo do ano, este é, de longe, o expoente máximo entre os que são direcionados para a população em geral. Ao longo do dia e, para além dos habituais rastreios da pressão arterial, mantivemos atividades tendentes à sensibilização para três vetores principais, a saber: – Redução do consumo de sal Foi para nós muito gratificante a grande mobilização por parte das forças vivas da cidade, como foi o caso da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade da Beira Interior, e da Câmara Municipal. Isto traduziu-se num número recorde de rastreios que ultrapassaram os novecentos. Qual a importância deste dia, destes rastreios e dos ensinamentos adicionais? Nunca é demais lembrar que as doenças cardiocerebrovasculares são a principal causa de morte em Portugal. Os números são bem mais do que assustadores: – Mata 1 em cada 3 portugueses. Nos últimos 30 anos, tínhamos vindo a diminuir progressivamente a taxa de mortalidade pela doença cardiocerebrovascular, tendo, inclusive, em 2013, baixado, pela primeira vez, dos 30%. Infelizmente, esta queda não se manteve e, fruto da crise, que ninguém quis assumir como responsável pela quebra nos cuidados de saúde, voltámos a subir e, provavelmente a ultrapassar de novo a barreira dos 30%. Julgo que nunca é demais referir e acentuar: Voltando ainda aos rastreios e aos ensinamentos, mantivemos a tónica de outros anos e que passo a salientar: Na nossa dieta, devemos ter a consciência que para um hipertenso: – As saladas são um mau alimento! Para nós portugueses elas são temperadas com sal e, normalmente em quantidades generosas. – Quem estiver habituado a tomar café não deve deixar de o fazer só porque passou a ser hipertenso. O que bebia deve continuar a beber, já que o café não faz subir a tensão arterial. Estes são dois mitos que importa acabar com eles definitivamente e sem hesitações! Infelizmente, os nossos decisores não têm ajudado a incentivar e a mobilizar o doente hipertenso para a necessidade de este aumentar a adesão ao tratamento que lhe é prescrito, nem a favorecer uma prescrição que seja simples, eficaz e cómoda. Ninguém gosta de ter de tomar um número infindável de comprimidos se o puder fazer, com maior eficácia, com apenas um ou dois. Isto porque este tratamento da hipertensão não é para um dia, é para uma vida. Caro? Nada é mais caro do que a morte. Espero que cada vez mais, mais portugueses se consciencializem para a necessidade de uma dieta saudável pobre em sal, se consciencializem para a necessidade combater o sedentarismo e a consequente obesidade e consciencializem para a necessidade de uma maior adesão ao tratamento. Manuel de Carvalho Rodrigues, |