As crianças que ingerem mais alimentos durante a tarde e depois do jantar têm mais tendência para se tornarem mais facilmente obesas ou virem a ter excesso de peso, avança um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.
O estudo foi recentemente publicado na revista “Journal of Biological Rhythms” e avaliou os hábitos alimentares de 1961 crianças da coorte Geração XXI. – ver notícia relacionada.
Sofia Vilela, investigadora responsável pelo estudo, em entrevista à agência “Lusa” explicou que foi através da análise dos padrões de consumo energéticos (hidratos de carbono e proteínas) das crianças aos 4 anos, que a equipa de investigadores conseguiu padronizar «o desenvolvimento do excesso de peso ou obesidade» aos 7 anos.
«Utilizando informação de diários alimentares de três dias, obtivemos padrões de distribuição de ingestão alimentar quando as crianças tinham 4 anos e associamos esses padrões com o seu Índice de Massa Corporal (IMC) 3 anos depois, quando completaram 7 anos», mencionou.
Com o objetivo de «alertar» para determinados comportamentos alimentares, o estudo possibilitou fazer-se «a ligação entre dois comportamentos alimentares e o excesso de peso ou obesidade». «As crianças que têm um padrão alimentar, caracterizado por saltarem o pequeno-almoço, terem o almoço mais tarde e comerem depois do jantar, estão em maior risco de desenvolverem excesso de peso ou obesidade», fez notar.
Como Sofia Vilela indica, para que o peso das crianças seja «saudável» é necessária «uma maior distribuição energética» ao pequeno-almoço, almoço e jantar e uma «menor ingestão» de alimentos a meio da manhã e a meio da tarde.
«Começar o dia com um pequeno-almoço equilibrado parece ser uma boa estratégia para conseguir um bom nível de saciedade ao longo do dia e controlar a ingestão alimentar. É fundamental ter um padrão regular e não saltar refeições. Tendo em conta os resultados deste estudo e de outros prévios, a ceia poderá ser uma refeição dispensável nestas crianças», notou.
À fonte, a investigadora explicou que, apesar da contribuição do estudo para a compreensão do ritmo circadiano no excesso de peso em crianças, é necessário «replicar os resultados noutras faixas etárias e noutras populações».