Crianças portuguesas são amamentadas durante mais tempo do que francesas, gregas ou britânicas 677


28 de julho de 2017

Um estudo europeu no qual participaram investigadoras do Porto mostra que cerca 60% das crianças portuguesas são amamentadas durante seis meses ou mais, período superior ao registado em França, na Grécia e no Reino Unido.

Os resultados indicam que, no Reino Unido, apenas 35% das crianças são amamentadas depois dos seis meses, enquanto que em França esse número fica pelos 26% e na Grécia pelos 23%, indicou à “Lusa” a investigadora Andreia Oliveira, da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), entidade envolvida na investigação.

O estudo, desenvolvido no âmbito do projeto europeu HabEat, juntou dados dos projetos Geração XXI (Portugal), ALSPAC (Reino Unido), EDEN (França) e EuroPrevall (Grécia), que acompanham o crescimento e desenvolvimento de crianças, desde o nascimento.

A investigação demonstra ainda que apenas 6,4% das crianças portuguesas iniciam diversificação alimentar antes dos quatro meses, enquanto que no Reino Unido isso acontece com 72,3% das crianças e em França com 29,1%.

Analisando os estudos individualmente, a equipa verificou que as crianças que fazem parte do projeto francês e que foram amamentadas por períodos inferiores a seis meses eram menores aos cinco anos, comparativamente àquelas que beberam leite materno durante mais tempo.

Adicionalmente, constataram que as crianças francesas que consumiram novos alimentos, para além do leite, antes dos quatro meses, apresentaram maior acumulação de gordura aos cinco anos de idade, caso que não se observou nos outros países.

No caso do Reino Unido, as crianças amamentadas por um período inferior a seis meses apresentaram estaturas superiores, situação explicada pelo facto de «se introduzirem muito cedo fórmulas proteicas para substituir o leite materno», indicou a Andreia Oliveira.

A investigadora referiu que alguns estudos mostram que uma maior duração do aleitamento materno parece prevenir o desenvolvimento de obesidade infantil, mas outros trabalhos não são capazes de provar esse efeito protetor.

Neste estudo agora divulgado, os investigadores não encontraram uma «associação consistente» entre uma reduzida duração do aleitamento materno e a introdução precoce de outro tipo de alimentos com parâmetros como a estatura, o excesso de peso e a obesidade e a quantidade de massa gorda, mesmo juntando dados de países diferentes.