Crianças nunca amamentadas com maior tendência para obesidade – Estudo 1487

As crianças que nunca foram amamentadas ou que o foram por um curto período de tempo têm maior probabilidade de virem a ser obesas, segundo um estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Europa.

O estudo, coordenado pela investigadora portuguesa Ana Rito, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, foi comunicado pela agência “Lusa”. Indica que as crianças que nunca foram amamentadas têm mais 22% de probabilidade de se tornarem obesas, sendo que as que foram amamentadas por um período curto têm mais 12% de probabilidade, comparativamente com as que foram amamentadas, em exclusivo, pelo menos por seis meses.

Os dados analisados abrangeram dados entre 2015 e 2017 de 22 países da região europeia da OMS, com amostras representativas da população infantil de cada país, incluindo mais de 100 mil crianças entre os seis e os nove anos.

À fonte, o coordenador do departamento europeu de prevenção e controlo de doenças não transmissíveis da OMS, João Breda, destaca que este estudo é «um dos maiores de sempre». «Evidencia de forma clara o efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade, sendo que crianças amamentadas ao peito podem chegar a ter um risco de obesidade 25% inferior ao de crianças que foram alimentadas com substitutos de leite materno», mencionou João Breda.

O perito aproveitou para recordar que a OMS recomenda o aleitamento materno exclusivo até pelo menos, aos seis meses de idade. Para tal, João Breda avança que é essencial controlar o “marketing” de substitutos de leite materno, «que continua a ser excessivo», bem como que os hospitais e centros de saúde fomentem o aleitamento. Aborda também o tema das licenças de maternidade e paternidade, que devem ter em conta as necessidades das mães e das famílias que privilegiam o aleitamento materno.

No caso português, a taxa de amamentação é superior a 85%, mas apenas 21% das crianças foram amamentadas exclusivamente no mínimo seis meses. Ainda assim, mais de metade das crianças analisadas foram amamentadas durante pelo menos seis meses, mesmo que nem todas em exclusividade.

As mais elevadas taxas de prevalência de obesidade foram observadas em Espanha, Malta e Itália, com maior incidência de obesidade entre as que não foram amamentadas. Ainda se concluiu que um mais elevado peso à nascença foi relacionado com maior risco da criança se tornar obesa.

O estudo aponta, assim, para a promoção da amamentação como uma «janela de oportunidade» para prevenir a obesidade, defendendo que as políticas de cada país devem apoiar medidas de promoção da amamentação.