De acordo com um estudo , denominado por “Acesso a cuidados de saúde em tempos de pandemia”, mais de metade dos portugueses (57%) considera que a pandemia dificultou o seu acesso aos cuidados de saúde, com a população mais idosa (69%) e os doentes crónicos (70%) a manifestar mais dificuldades.
O estudo foi realizado pela GFK Metris e promovido pelo “Movimento Saúde em Dia – Não Mascare a Sua Saúde”, uma iniciativa da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) e da Ordem dos Médicos (OM).
O inquérito visou “auscultar as opiniões e captar as perceções dos portugueses sobre a pandemia covid-19 e o seu impacto no acesso a cuidados de saúde”. Foi realizado com base em questionários presenciais, entre 28 de agosto e 7 de setembro, com uma amostra constituída por mais de 1.000 pessoas maiores de 18 anos residentes em Portugal Continental.
O documento refere que estes dados são resultado de “uma experiência efetiva”, pois 692 mil portugueses não realizaram as consultas médicas que estavam marcadas.
Cerca de dois milhões de portugueses tiveram marcado durante a pandemia (março a agosto), consultas (89%), exames (23%), cirurgias programadas (5%) e internamentos (3%), que não se realizaram.
“Embora a maioria dos 664 mil portugueses que se sentiram doentes durante a pandemia – 454 mil, ou seja, 69% – tenha recorrido aos cuidados de saúde, três em cada 10 (210 mil ou 31%) não o fizeram”, indica o documento.
Cerca de 40% dos inquiridos diz que recorreria a cuidados de saúde durante a pandemia em caso de necessidade, 35% afirma que só recorria se a situação fosse grave e mais de 22% refere que “provavelmente recorreria”.
No que se refere à telemedicina, cerca de 775 mil tiveram uma consulta médica por esta via.
“No entanto, em 95% destes casos as consultas foram feitas por telefone, não configurando uma efetiva consulta de telemedicina”, indica o estudo.
Até porque a teleconsulta só poderia ser uma opção em algumas consultas. Só 2% das pessoas gostariam de manter a teleconsulta em todas ou quase todas as ocasiões.
Metade dos participantes refere que se sente seguro e confortável no acesso a cuidados de saúde. Quem sente insegurança, aponta o receio de contágio como principal motivo para evitar uma ida ao médico.