De acordo com uma sessão online dedicada ao tema “Emergências em saúde, alimentação e vulnerabilidade”, realizada pela ACTUAR – Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento e por parceiros do projeto “Alimentação é Direito”, a pandemia de covid-19 está a ter um forte impacto na segurança alimentar dos portugueses, devido à falta de dinheiro para comprar alimentos e a agravar o risco de obesidade, por causa do confinamento.
Para Ana Vizinho, da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN), o impacto da pandemia “já está a fazer-se sentir. No último mês e meio, a insegurança alimentar cresceu muito em Portugal”, alertou.
Devido ao novo coronavírus muitas pessoas perderam parte ou mesmo a totalidade dos seus rendimentos, como os trabalhadores em ‘lay-off’ e os que ficaram desempregados.
“Houve um grande acréscimo de pedidos, uma vez que, além das pessoas que já eram apoiadas, agora há um novo perfil de pessoas a pedir apoio. E ainda há as que não estão a pedir apoios, mas que estão com um menor acesso à diversidade alimentar por falta de recursos financeiros”, explicou Ana Vizinho.
Outro dos problemas da pandemia de covid-19 tem a ver com o aumento do número de pessoas com doenças nutricionais crónicas e obesidade.
“Quase seis em cada 10 portugueses tem obesidade ou pré obesidade. Entre os idosos, o número cresce para oito em cada 10. E o impacto da situação de contingência provocada pela pandemia pode aumentar esta taxa, que já é muito elevada”, sublinhou Joana Sousa, da Ordem dos Nutricionistas, também presente nesta sessão.
E a perda repentina de poder de compra pode agravar este problema. Joana Sousa chega mesmo a antecipar que 10% das famílias portuguesas passem por uma situação de insegurança alimentar.
“Há cada vez mais pessoas com dificuldades para comprar alimentos suficientes, e diversificados, para toda a família, por falta de recursos financeiros. A pandemia irá agravar as desigualdades em Portugal”, sublinhou.
Joana Sousa terminou por destacar a “mobilização da sociedade civil para promover a ajuda alimentar aos mais carenciados” durante este período de pandemia.