A pandemia de covid-19 está a acelerar as tendências de inovação para o setor agroalimentar, com os consumidores a privilegiarem compras com valor acrescentado, o que vai levar as empresas a serem “mais transparentes”, segundo um observatório da Mintel.
“A covid-19, pelo profundo impacto que tem na sociedade, acelerou exponencialmente as tendências de inovação que se previam para a próxima década. No setor agroalimentar, 2021 já é o futuro”, apontou, em comunicado, a associação PortugalFoods, que promoveu a apresentação das linhas orientadoras para 2021 pela consultora Mintel.
Assim, de acordo com o observatório de tendências, os consumidores estão a procurar, cada vez mais, valor acrescentado nas suas compras, por exemplo, “segurança alimentar”, uma alteração que vai levar as empresas a serem “mais transparentes sobre a política de preços e a darem mais detalhes” sobre ingredientes e processos.
O estudo sublinhou ainda que os retalhistas têm agora oportunidade de lançar produtos com “preços alinhados com declarações éticas e ambientais”, sendo os produtos nutritivos e saudáveis uma das prioridades.
Por outro lado, os consumidores vão passar a exigir algumas inovações, como carrinhos de compra inteligentes ou embalagens que limitem o contacto direto com as mãos.
No futuro, os consumidores vão ainda procurar serviços e produtos que tenham benefícios para os seus níveis de saúde e bem-estar mental, “o que orientará a indústria para abordagens baseadas em psicologia e experiências”.
Neste sentido, os produtos vão ser, cada vez mais, criados para valorizar atividades de lazer e descompressão.
“Elementos sensoriais como perfumes e ingredientes funcionais serão utilizados para adicionar experiências reais a eventos virtuais – como ‘snacks’ energéticos para consumir durante um videojogo ou bebidas perfumadas para bebericar enquanto se acompanha um tutorial de meditação”, exemplificou.
Ainda neste âmbito, os consumidores vão fazer “compromissos mais sérios para reduzir os riscos para a saúde”, optando por alimentos mais saudáveis.
Por último, a consultora concluiu que os clientes vão organizar-se em comunidades físicas e digitais para a socialização, sendo que o setor agroalimentar e a restauração “podem tirar vantagem do facto de serem percecionados como indústrias que constroem laços e promovem entidades comuns”.
Assim, as marcas vão construir redes ‘online’ de consumidores e organizar encontros presenciais para, por exemplo, promover degustações, mas também causas.
“O setor alimentar pode promover espaços virtuais que, além de plataformas de ‘ecommerce,’ apresentem fãs de marcas uns aos outros e onde podem ser partilhadas, de forma dialogante e independente, receitas, dicas e outras informações. Fatigados pelo confinamento e pelos ecrãs, os consumidores também estarão sedentos de oportunidades de socialização autênticas, pelo que será vital para as marcas a criação de espaços comuns onde possam – de forma segura – reunir e formar ligações fortes”, acrescentou.
O setor agroalimentar pode ainda adotar modelos de social ‘ecommerce’, onde a compra ‘online’ é partilhada com outras pessoas, através de plataformas que promovem também “oportunidades de negócio diferenciadores”, tais como descontos para determinados grupos de consumidores”.
A apresentação deste estudo decorreu no âmbito do projeto PortugalFoods_Qualifica que tem por objetivo o reforço da competitividade empresarial do setor e o incremento do índice tecnológico.
Para realizar o observatório de tendências, a Mintel recorre a ‘focus groups’ e aos seus analistas.
Entre os grupos demográficos observados nas análises da consultora estão as crianças, jovens e ‘millenials’, idosos, solteiros e pessoas com idades compreendidas entre os 50 e os 64 anos.