Um estudo do departamento de nutrição da Escola Global de Saúde Pública UNC Gillings, da Universidade da Carolina do Norte, pedido pelo Banco Mundial, veio indicar que a obesidade aumenta o risco de morte por covid-19 em quase 50% e pode tornar as vacinas contra a doença menos eficazes.
Esta investigação, denominada por “Individuals with obesity and COVID‐19: A global perspective on the epidemiology and biological relationships”, publicada na revista Obesity Reviews, é uma meta-análise que reúne dados de diversos estudos realizados em todo o mundo, incluindo Itália, França, Reino Unido, Estados Unidos e China.
O estudo esteve a cargo de Barry M. Popkin, Shufa Du, William D. Green, Melinda A. Beck, Taghred Algaith, Christopher H. Herbst, Reem F. Alsukait, Mohammed Alluhidan, Nahar Alazemi e Meera Shekar.
A investigação demonstra que os riscos para as pessoas com obesidade são maiores do que o previsto. As pessoas obesas, com índice de massa corporal (IMC) acima de 30, correm maior risco ao contrair o novo coronavírus, assim como correm o risco de acabar numa cama de hospital (113%), com os obesos a serem mais propensos a internamento em cuidados intensivos (74%) e a terem um risco maior de morte (48%).
“É um efeito muito grande. É um aumento de 50%, essencialmente. Este é um número muito alto e assustador, muito mais alto do que esperava. Além disso, a admissão em cuidados intensivos e a mortalidade são muito altas. Isto é chocante, para ser honesto”, disse Barry Popkin, professor do departamento de Nutrição da Escola Global de Saúde Pública UNC Gillings, ao jornal The Guardian.
O estudo indica ainda que as pessoas com obesidade geralmente apresentam condições médicas subjacentes que as colocam em maior risco de contrair o coronavírus, como doenças cardíacas, diabetes, alterações metabólicas, como resistência à insulina e inflamação, que tornam mais difícil ao corpo combater infeções.
“Todos estes fatores podem influenciar o metabolismo das células imunológicas, que determina como os corpos respondem a patógenos como o coronavírus SARS-CoV-2”, disse a coautora do estudo Melinda Beck, também ao “The Guardian”.
“Os indivíduos com obesidade também são mais propensos a experimentar doenças físicas que tornam o combate a esta doença mais difícil, como apneia do sono, que aumenta a hipertensão pulmonar, ou um índice de massa corporal que aumenta as dificuldades num ambiente hospitalar com entubação”, acrescentou Melinda Beck.
Tendo em conta estes dados, uma vacina desenvolvida para a covid-19 pode não funcionar de forma eficaz em pessoas com obesidade, dizem os autores.
“Sabemos que a vacina da covid terá um efeito positivo em pessoas obesas, mas suspeitamos, com base em todo o nosso conhecimento dos testes das vacinas da SARS e da contra a gripe, que terá um benefício menor em comparação com as outras”, acrescentou Barry Popkin.
O responsável pelo estudo, adiantou ainda que os fabricantes de vacinas devem examinar os dados dos seus ensaios clínicos para o efeito da obesidade.
“Podem então ter que considerar isso e fazer alguns testes na vacina para que funcione melhor para pessoas obesas”, concluiu Popkin.
Pode consultar o estudo aqui.