A pandemia de covid-19 reforçou a concentração e a participação no mercado das grandes empresas, o que resultou num travão para o crescimento e inovação, segundo um estudo publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Vemos sinais crescentes em muitos setores de que o poder de mercado está a fixar-se na ausência de concorrentes fortes para as empresas dominantes”, disse a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, citada pela agência EFE, numa conferência organizada pelos ‘think tanks’ de Bruegel e Brookings.
Georgieva destacou como a crise desencadeada pela pandemia de covid-19 atingiu as pequenas e médias empresas de forma particularmente forte, permitindo que “as empresas dominantes surjam ainda mais fortes enquanto as suas concorrentes menores são deixadas para trás”.
Um exemplo é a concentração de lucros entre os quatro principais ‘players’ de um setor, segundo o relatório do FMI intitulado “Aumento do poder do mercado empresarial: Questões políticas emergentes”.
“Estimamos que essa concentração possa agora aumentar nas economias avançadas em pelo menos tanto quanto aumentou nos 15 anos até o final de 2015. Mesmo nos setores que beneficiaram com a crise, como o setor digital, os ‘players’ dominantes estão entre os grandes vencedores”, comentou a chefe do FMI.
Um dos fatores mais claros é o ‘boom’ de fusões e aquisições que, segundo o estudo, pode enfraquecer os incentivos à inovação e fortalecer a capacidade das empresas de aumentar os preços.
O FMI apresentará o seu relatório “Global Economic Outlook” no início de abril com novas projeções para o crescimento mundial.
Em janeiro, o Fundo previa um crescimento económico global de 5,5% para 2021, após uma contração de 3,5% em 2020.
Nos últimos meses, porém, Georgieva alertou para o perigo de uma recuperação diferenciada, devido ao acesso desigual às vacinas, concentrado nos países avançados, o que poderá levar a problemas de estabilidade económica no mundo em desenvolvimento.