Um estudo, realizado por investigadores da Nova SBE, da Universidade de Hamburgo, da Rotterdam Erasmus University e da Bocconi University, mostra que os portugueses são dos europeus que demonstram maior vontade em vacinar-se contra a covid-19, com 75% dos portugueses a querer-se vacinar quando a vacina ficar disponível e com 70% a estarem completamente confiantes de que a vacina será segura.
Este estudo que tinha como objetivo saber como a população europeia lidava com a ameaça do vírus e até que ponto confiam e seguem os europeus as decisões políticas em torno da pandemia, envolveu a Alemanha, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Portugal e Reino Unido.
Entre a primeira vaga de inquéritos de abril e esta segunda vaga, os portugueses mantêm-se como os europeus que maior vontade de virem a ser vacinados contra a covid-19 assim que a vacina estiver disponível, numa percentagem de 75%, com os homens a serem os mais dispostos a vacinarem-se (78%), assim como indivíduos com alta escolaridade (78%).
Para além disso, os que conhecem alguém diagnosticado com covid-19 (81%) estão mais dispostos a ser vacinados do que aqueles que não conhecem ninguém infetado (74%).
Este estudo revela ainda que 70% dos portugueses estão completamente confiantes de que a vacina contra a covid-19 será segura, subindo para os 79% na faixa etária entre os 55 e 64 anos.
Sobre a possibilidade da vacina não estar disponível em número suficiente para que todos sejam vacinados imediatamente, os portugueses defendem que a prioridade deve ser definida por uma equipa nacional de especialistas (73%), pelas organizações de saúde que administram a vacina (68%) e pelo Ministério da Saúde (52%).
Portugal é também o país onde existe uma maior preocupação com o impacto da pandemia, revelando que 67% dos portugueses estão muito preocupados com a eventual sobrecarga do sistema de saúde ou temem perder uma pessoa próxima, enquanto que na Europa a percentagem varia entre 23% e os 60%.
Essa preocupação é de 78% no que se refere à perda de negócios das pequenas empresas, sendo que em outros países da UE, a preocupação varia entre os 36% e os 71%. Quanto ao desemprego, 57% dos portugueses teme ficar sem emprego, valor também acima da média europeia, que varia entre os 13% e os 51%.
Outro dos pontos focados neste estudo, foi a opinião sobre as políticas de contenção instauradas pelo governo. Comparado com os resultados da primeira vaga, a percentagem de portugueses que aprovam políticas de contenção diminuiu de 79% para 67%, enquanto que o número de entrevistados indiferentes aumentou em 10%. Contudo, este valor continua a ser o mais alto da Europa.
Quanto às medidas, 47% dos portugueses desaprova o levantamento das restrições nas fronteiras na UE e 35% revela-se contra a instalação de uma aplicação de rastreamento covid-19 no seu telefone. Esta desaprovação tende a ser mais elevada por pessoas com nível de educação superior, cerca de 40%.
Relativamente ao confinamento, para 37% dos portugueses este está a acontecer muito rapidamente, e somente 10% das pessoas em Portugal consideram que o retorno à normalidade está acontecer muito lentamente.
O estudo foi realizado online, e abrangeu mais de 7.000 indivíduos em cada vaga, representativos da população de sete países europeus, tendo em conta a região, idade, género e educação. A primeira vaga de trabalho de campo foi realizada entre 2 e 15 de abril de 2020 e a segunda entre 9 e 22 de junho de 2020.