Comunicação sobre segurança alimentar não é eficaz, conclui inquérito 1363

Investigadores da Escola Superior de Biotecnologia do Porto concluíram que as formas de comunicação sobre segurança e higiene alimentar não estão a ser «eficazes», disse hoje a responsável, já que fomentam ideias erradas.

Como avança a agência “Lusa”, as conclusões tiveram por base um inquérito online realizado a 100 portugueses sobre mitos alimentares, que tinha como intuito desvendar se as ideias preconcebidas eram assentes em pressupostos científicos. Foram reveladas várias crenças falsas e mitos, para os quais a investigadora por trás do projeto “SafeconsumE” em Portugal, Paula Teixeira, deixa alertas. Este projeto que integrou o inquérito pretende, num prazo de cinco anos, alterar comportamentos e atribuir ferramentas ao consumidor para práticas alimentares mais seguras.

Dada a ineficácia que as mensagens sobre higiene e segurança alimentar têm relevado, a investigadora defende «implementar e adotar novas medidas de comunicação». Continua que «muitas das mensagens em higiene e segurança alimentar não estão a ser eficazes. O problema não é dos consumidores, o problema é dos comunicadores, porque a mensagem não está a passar de forma convincente». Segundo a responsável, é assim necessário «arranjar formas» de desmistificar algumas questões e perceber quais são as «barreiras» à implementação de práticas seguras, de forma a conseguir passar as mensagens com sucesso.

Paula Teixeira afirma que muitas das questões identificadas eram «comuns», tais como a regra dos cinco segundos, lavar a carne antes de a cozinhar ou o prazo de validade dos iogurtes. No entanto, a questão do «mito dos ovos», foi uma das que teve maior impacto entre a equipa: «Algumas pessoas disseram que os ovos que flutuam na água estão estragados. O ovo pode até não estar estragado, mas regra geral, não se deve comer. Outras disseram o que, de facto, é mito: que para saber se um ovo é seguro devo verificar se flutua ou não em água. Não podemos verificar isso, apenas em laboratório», frisou. Relativamente aos alimentos quentes serem guardados no frigorífico, Paula Teixeira revelou à referida fonte que não é «por serem guardados quentes que se estragam», mas porque demoram mais tempo a arrefecer, dando «tempo suficiente aos organismos que vão estragar o alimento para crescerem».

Ainda foi adiantado que estão a ser preparadas atividades para escolas, uma estratégia que a especialista acredita ser «importante» para alterar alguns comportamentos.