Compras em confinamento: menos enlatados e mais produtos frescos 936

O estudo “Confinamento 2.0 – comprador mais preparado para ficar em casa”, realizado pela Kantar, mostra que os portugueses estão a ir mais vezes às lojas, mas que as cestas de compras são mais pequenas e positivas, ou seja, não há açambarcamento.

“Numa comparação entre a média diária de cestas feitas durante o último ano (desde o dia em que foram confirmados os primeiros casos de Covid-19) e a média deste ano, é possível concluir que os portugueses estão a fazer mais 8% de cestas diariamente”, aponta o estudo, analisado pela Kantar e pela Centromarca.

Segundo a Kantar, a tendência dos próximos meses deverá ser de idas mais regulares às lojas face à média diária de 2020, embora abaixo do que era o histórico em Portugal.

“O disparar dos números relativos a novos infetados e a doentes hospitalizados, logo nos primeiros dias de janeiro, alarmou as famílias portuguesas que, no dia 8 de janeiro, tiveram um comportamento de compra semelhante ao que já tinha sido visto a 3 de março de 2020 – primeiro dia de corrida às lojas, no início da pandemia – ou seja, revelando uma maior afluência às lojas e cestas com um número de produtos acima da média. Contudo, este padrão de compra acabou por estabilizar nos dias seguintes, associado a uma maior tranquilidade em termos de consumo”, resume Marta Santos, Manufacturers Sector director da Kantar.

A afluência às lojas vai alterando consoante as medidas de contingência impostas pelo Governo português, desde o confinamento ao encerramento das escolas. Com mais pessoas em casa, as famílias vêem-se obrigadas a reforçar a despensa.

A mesma análise indica que o fim-de-semana perdeu relevância em termos de momento escolhido para ir às compras. O domingo é agora o dia com menos afluência e as compras diluem-se mais ao longo da semana.

Quanto à composição da cesta, verificam-se também alterações entre confinamentos. Os produtos de grande duração, como conservas, farinhas, leguminosas e bacalhau secos, foram substituídos por frescos (frutas, legumes, carne e peixe), pão, iogurtes, café moído e vinho, por exemplo.

Perante este cenário, Pedro Pimentel, director-geral da Centromarca, não tem dúvidas sobre a evolução dos portugueses, que estão agora mais experientes, preparados e flexíveis. Segundo o responsável, “esta preparação ficou não só refletida por uma menor corrida às lojas e sem açambarcamento generalizado, como também por um consumo mais positivo, privilegiando produtos frescos em detrimento de produtos ‘de sobrevivência’”.