Os nutricionistas Pedro Graça e Maria João Gregório elaboraram um artigo sobre como será a evolução do consumo alimentar e do setor após este primeiro surto de SARS-CoV-2.
No entender dos nutricionistas, “uma tendência pode ser definida como o resultado de uma mudança de comportamento, ou uma sequência de eventos que corre num determinado sentido e que se perspetiva que tenha durabilidade e um impacto significativo”.
“Três aspetos macro parecem ter alguma unanimidade quando se observa a situação. A imprevisibilidade desta crise, afetando a procura e a oferta alimentar à escala global nunca vista até hoje. A possibilidade de, desde já, se anteverem mudanças estruturais a médio prazo. As mudanças na sociedade não serão imediatas, sendo que as mudanças estruturais na cadeia alimentar irão ocorrer certamente mais tarde, tal como aconteceu, por exemplo, com as crises alimentares dos anos 90 (“BSE – Vacas loucas”, Dioxinas nos frangos…), as quais levaram à criação da EFSA na União Europeia e da ASAE em Portugal ou, mais tarde, à implementação de sistemas de rastreabilidade sobre a carne bovina. Por fim, o facto de as mudanças do comportamento no consumidor de produtos alimentares serem adaptativas. Ou seja, a resposta numa situação de confinamento será, por exemplo, a mudança na quantidade e regularidade do consumo. Contudo, as verdadeiras mudanças poderão ocorrer após este isolamento, através da necessidade de adaptação a uma doença que não irá desaparecer de um momento para o outro“, defendem os nutricionistas.
Entre as conclusões, os especialistas analisaram questões como o aumento da individualização do consumo, a automação crescente da cadeia alimentar, um novo olhar para a dicotomia doenças crónicas/doenças agudas infecciosas, o aumento das desigualdades sociais, um novo olhar para o setor da comunicação/informação, bem como a procura da imunização pelos alimentos, associado ao novo papel para os profissionais da saúde ligados à alimentação.
Pedro Graça e Maria João Gregório sublinham que estas reflexões são, “necessariamente, datadas e desatualizadas” mal as acabaram de publicar, “mas que irão servir para memória futura, mais não seja, para retratar o que pensamos atualmente”.
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