De acordo com um estudo realizado pela Deco Proteste, a comida vegetariana é até quatro vezes mais cara do que a tradicional.
Apesar de se achar que as receitas sem proteína animal teriam um custo idêntico, ou até inferior, uma vez que os ingredientes vegetais, não atingem custos proibitivos, a realidade mostra-nos o contrário. Muitos produtos, mais ou menos processados, não estão ao alcance de qualquer vegetariano.
A Deco Proteste comprou mais de 50 produtos vegetarianos, de 20 marcas diferentes, que podem habitualmente substituir queijo fatiado, carne picada, hambúrgueres, almôndegas, douradinhos e salsichas e, na comparação que realizou, concluiu que a diferença de preço “é substancial e afasta o conceito de substituição na hora de os consumidores fazerem contas aos gastos em alimentação”.
Segundo o estudo, a média dos produtos vegetarianos apresenta um aumento de custo entre 11 a 104%.
A exceção é a Iglo Green Cuisine, que nalguns produtos (nuggets e fingers de proteína vegetal) “consegue aproximar-se do custo dos produtos tradicionais ou apresentar até valores mais baixos”, indica a Deco.
A Deco Proteste dá o exemplo do queijo flamengo e do seu substituto vegetariano, com base de gordura de coco, que, por quilo, custa 21,90 euros, cerca de 16 euros a mais do que o tradicional.
“Os hambúrgueres vegetarianos também requerem maior gasto. O da marca Continente, a 16,81 euros por quilo, exige mais 10 euros do que o similar no formato clássico. Na carne picada e nas almôndegas, a diferença ronda os 9 euros, enquanto as salsichas enlatadas de soja e de carne distam seis”, explica a Deco.
Segundo a organização de consumidores de Portugal, “os fabricantes argumentam com “elevados custos de produção” e “mercado pequeno, que não permite ganhos em grande escala”… A Iglo, que produz a Green Cuisine, adianta que o investimento em investigação e desenvolvimento tecnológico, bem como as questões de eficiência, encarecem as matérias-primas e a produção. Nesta marca, o Burguer e as Almôndegas de Proteína Vegetal, a 19,95 e a 16,63 euros por quilo, respetivamente, destacam-se como os mais caros. As receitas incluem 60% e 73% de proteína de ervilha reidratada. O processo de extração da proteína é dispendioso e complexo, alega a marca. O Continente e o Aldi citam razões idênticas”.
A Deco lembra um inquérito que realizou em abril e junho de 2019: “entre a população portuguesa, 2,1% não comem carne ou peixe, e 0,5% são vegan. O número de vegetarianos quadruplicou nos últimos dez anos. Dez por cento dos portugueses dos 25 aos 74 anos são flexitarianos, ou semivegetarianos. Cerca de duas em três pessoas estão a transitar para uma alimentação sem carne”.
“Preocupações com a saúde e com o impacto ambiental guiam o desvio de uma dieta de peixe e de carne para aquelas que os excluem – vegetariana ou vegan –, ou para a flexitariana, na qual se reduz a proteína animal. Recomenda-se reduzir as carnes vermelhas, cuja produção é menos sustentável, pois existem indícios de que, se ingeridas em excesso, podem facilitar o desenvolvimento de certos tipos de cancro (cólon e reto). O movimento ocorre, estima-se, em 70% da população mundial”, indica a Deco, que acrescenta que “quando as razões são justas, o que se paga por esta dieta não deveria ser inflacionado”.