Com especificidades desafiantes, as características físicas de pessoas transgénero, por força dos processos de transição, exigem do profissional de Nutrição cuidados particularizados.
Enquanto camada minoritária da sociedade, a população transgénero (cuja identidade de género diverge do sexo biológico atribuído à nascença) encontra “barreiras no acesso aos cuidados de saúde”, associadas ao estigma e processo de autodescoberta. De acordo com o Ivo Sousa, técnico superior de Nutrição da Divisão de Saúde da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, são vários os aspetos a ter em consideração pelos nutricionistas.
“Parâmetros de avaliação nutricional na pessoa transgénero” foi um dos temas da mesa redonda “Desafios Alimentares e Nutricionais em Populações Específicas”, apresentada na manhã desta sexta-feira no XXIII Congresso de Nutrição e Alimentação da Associação Portuguesa de Nutrição.
Regista-se um maior risco de complicações nutricionais, relacionados com problemas com a imagem corporal, insegurança alimentar e risco de doenças cardiovasculares. Por outro lado, os efeitos da terapia hormonal podem contemplar o aumento de peso, a alteração dos perfis lípidos e a modificação da composição corporal.
“A comunidade transgénero é um grupo-alvo com que nós, nutricionistas, temos a oportunidade de trabalhar e providenciar aconselhamento e orientação”, referiu o especialista. Dadas as experiências de género únicas desta camada populacional, “cada abordagem deve ser individualizada, adaptada e ajustada aos objetivos e contextos de cada caso”, deixou ainda claro.
Celebra-se nesta sexta-feira o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. A cobertura desta palestra será aprofundada na próxima edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses julho e agosto.