CNA 2024: “As pessoas trans têm necessidades nutricionais únicas” 1124

Com especificidades desafiantes, as características físicas de pessoas transgénero, por força dos processos de transição, exigem do profissional de Nutrição cuidados particularizados.

Enquanto camada minoritária da sociedade, a população transgénero (cuja identidade de género diverge do sexo biológico atribuído à nascença) encontra “barreiras no acesso aos cuidados de saúde”, associadas ao estigma e processo de autodescoberta. De acordo com o Ivo Sousa, técnico superior de Nutrição da Divisão de Saúde da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, são vários os aspetos a ter em consideração pelos nutricionistas.

“Parâmetros de avaliação nutricional na pessoa transgénero” foi um dos temas da mesa redonda “Desafios Alimentares e Nutricionais em Populações Específicas”, apresentada na manhã desta sexta-feira no XXIII Congresso de Nutrição e Alimentação da Associação Portuguesa de Nutrição.

Regista-se um maior risco de complicações nutricionais, relacionados com problemas com a imagem corporal, insegurança alimentar e risco de doenças cardiovasculares. Por outro lado, os efeitos da terapia hormonal podem contemplar o aumento de peso, a alteração dos perfis lípidos e a modificação da composição corporal.

“A comunidade transgénero é um grupo-alvo com que nós, nutricionistas, temos a oportunidade de trabalhar e providenciar aconselhamento e orientação”, referiu o especialista. Dadas as experiências de género únicas desta camada populacional, “cada abordagem deve ser individualizada, adaptada e ajustada aos objetivos e contextos de cada caso”, deixou ainda claro.

Celebra-se nesta sexta-feira o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. A cobertura desta palestra será aprofundada na próxima edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses julho e agosto.