Cintesis lança estudo-piloto para colmatar défice de iodo nas crianças 797


13 de outubro de 2017

Uma equipa de investigadores do Cintesis – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, com sede no Porto, vai iniciar um estudo-piloto que tem como objetivo diminuir a carência de iodo nas crianças em idade escolar.

O Cintesis anunciou hoje que este projeto, de caráter interventivo, vai envolver mais de 700 crianças entre os 6 e os 12 anos de idade de um agrupamento de escolas no centro de Lisboa e arranca na semana de 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação.

O estudo integra-se no IoGeneration – um projeto europeu que recebeu meio milhão de euros de fundos europeus para avaliar o estado do iodo em Portugal.

«Os resultados dessa avaliação foram alarmantes. O IoGeneration revelou que um terço das crianças portuguesas com idades entre os 6 e os 12 anos apresenta níveis insuficientes de iodo, o que pode comprometer o seu desenvolvimento cognitivo», salienta, num comunicado, citado pela “Lusa”, Conceição Calhau, investigadora do Cintesis e professora da Nova Medical School, em Lisboa.

Por essa razão, a líder do IoGeneration decidiu que o projeto deveria ter continuidade e, depois de apresentar uma proposta de suplementação nacional junto da Comissão Parlamentar da Saúde, juntou esforços com a Direção Geral da Educação (DGE), a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) e com o Agrupamento de Escolas D. Filipa de Lencastre (Lisboa) para operacionalizar um estudo-piloto, de caráter interventivo, que permita testar uma estratégia para corrigir os níveis de iodo das crianças.

«O objetivo é que esta estratégia venha apresentar resultados positivos na saúde das crianças, devendo depois ser replicada por todo o país», sublinha Conceição Calhau.

Assim, na semana que tem início com o dia mundial da alimentação (16 de outubro), a equipa de investigação dá o pontapé de saída do projeto com a recolha das primeiras amostras de urina dos alunos. O objetivo é avaliar os níveis de iodo das crianças antes da alimentação escolar ser alterada.

Depois, durante todo o ano letivo, os investigadores vão apoiar a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) no acompanhamento das refeições na cantina da escola, para garantir que os estudantes ingerem pelo menos uma refeição rica em iodo.

Serão ainda realizadas sessões educativas com os pais para os sensibilizar para os problemas decorrentes da carência de iodo e para as melhores formas de contrariar esse défice. A ideia é aumentar consideravelmente os níveis de literacia dos pais e dos educadores relativamente ao consumo de iodo e alavancar mudanças de comportamento.

Os testes finais, que permitirão comparar os níveis de iodo e o desenvolvimento geral das crianças antes e depois do estudo de intervenção, serão realizados no final do ano letivo.

Segundo os investidores, a necessidade diária de iodo situa-se entre as 90 a 150 microgramas, em função da idade da criança. Este é um micronutriente fundamental para o desenvolvimento saudável do cérebro e do sistema nervoso, nas crianças.