Cientistas de Coimbra e Porto melhoram eficácia de antioxidantes 768

15 de Junho de 2016

Uma equipa de investigadores das universidades de Coimbra e do Porto otimizou antioxidantes presentes na alimentação para que atuem no local de produção de energia das células, combatendo mais eficazmente o processo de envelhecimento.

Os investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) e do Centro de Investigação em Química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP-CIQUP) acreditam que os antioxidantes otimizados podem ter uma utilização nas áreas da cosmética e saúde, noticiou a “Lusa”.

Paulo Oliveira, líder do grupo do CNC, explica que «os antioxidantes ingeridos no dia-a-dia apresentam uma biodisponibilidade baixa, sendo que frequentemente não alcançam os locais nas células onde devem atuar. Os novos antioxidantes são mais precisos do que os antioxidantes presentes na alimentação porque possuem um “código postal” que os encaminham para o local de produção de energia da célula, a mitocôndria».

Ainda segundo este investigador, citado numa nota da Universidade de Coimbra, «a importância de focar a ação destes compostos na mitocôndria deve-se ao facto de esta ser o local da célula onde a energia é produzida e que está mais exposto a danos oxidativos, que ocorrem ao longo do processo de envelhecimento e em várias doenças. A nossa abordagem permite otimizar o que a natureza já nos oferece».

As novas moléculas obtidas, designadas de MitoDIETs, e em atual processo de patenteamento, permitem prevenir e minimizar os danos resultantes do stress oxidativo, os quais normalmente resultam em morte celular.

Os compostos MitoDIETs, explica fonte da Universidade de Coimbra, atuam de uma forma mais seletiva e, em alguns casos, com menor toxicidade do que antioxidantes presentes em suplementos e produtos de cosmética.

O stress oxidativo, associado ao envelhecimento, é também um fator comum a muitas doenças, incluindo a diabetes, doença do fígado gordo não-alcoólico ou mesmo doenças do sistema nervoso central, o que significa que os antioxidantes desenvolvidos poderão ter aplicação terapêutica na área da saúde, reforçam os investigadores.

«O processo de obtenção destes novos agentes utiliza tecnologias inovadoras, onde pequenos retoques na estrutura do antioxidante natural conduziram ao efeito biológico desejado. Os antioxidantes desenvolvidos apresentam propriedades adequadas à sua aplicação a nível cosmético e terapêutico», explica Fernanda Borges, coordenadora da equipa de investigação em Química Medicinal da FCUP.

A investigação decorreu ao longo de cinco anos e foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e por fundos regionais, incluindo o programa QREN – Programa Operacional Regional do Centro 2007-2013 com o apoio do Mais Centro e da União Europeia no âmbito do projeto “CNC Biotech – investigação em Biotecnologia e capacitação do setor empresarial” e o programa QREN – Programa Operacional Regional do Norte no âmbito do projeto “Desenvolvimento de Materiais Funcionais”.